Cronista, cr�tico de arte e poeta.
Como dois e dois s�o quatro
A dela��o premiada de Delc�dio Amaral teve seu impacto atenuado pela condu��o coercitiva que obrigou Lula a depor na Opera��o Lava Jato e ocupou o notici�rio.
A publica��o pela revista "Isto�", naquela semana, assustou de tal modo a presidente Dilma Rousseff que ela convocou seus ministros e, numa esp�cie de pronunciamento solene, afirmou que tudo o que Delc�dio dissera a seu respeito era mentira.
E sublinhou que ele o fizera para se vingar dela e de seu governo que n�o o apoiaram quando foi preso pela Opera��o Lava Jato.
Todo mundo esperava que ela armara aquele pronunciamento solene para solidarizar-se com Lula, mas n�o foi.
Sobre sua condu��o coercitiva, ela disse apenas algumas palavras; o resto de seu pronunciamento foi para desacreditar a dela��o de Delc�dio.
Sim, porque o que ele afirmara a respeito dela a compromete seriamente mostrando-a, sem d�vida, implicada em v�rias trapa�as na Petrobras.
Uma delas � a compra da refinaria de Pasadena, quando Dilma era presidente do Conselho da empresa.
Revelado o esc�ndalo, ela afirmou que concordara com a compra da refinaria porque a informa��o submetida a sua aprecia��o omitia os dados que ocasionaram o preju�zo.
Delc�dio, em sua dela��o, afirmou que Dilma sabia do esquema de superfaturamento que envolveu a compra da refinaria, o que, ali�s, foi confirmado por Nestor Cerver�, gestor da compra. Essa trapa�a causou � Petrobras um preju�zo de 792 milh�es de d�lares.
Nestor Cerver� que, antes de ser preso, garantia ter a compra da refinaria obedecido a crit�rios objetivos e honestos, mais tarde, em dela��o premiada, admitiu que a transa��o baseou-se em um resumo t�cnico falho, sem informa��es fundamentais.
Apesar dessa compra desastrosa, Dilma –segundo afirmou Delc�dio– fez tudo para manter Cerver� na diretoria internacional de Petrobras, da qual foi demitido por press�o do PMDB.
Segundo Delc�dio, Dilma lhe teria telefonado v�rias vezes a fim de que Cerver� fosse nomeado para a diretoria da BR Distribuidora, o que aconteceu.
Tudo isso indica que, ao contr�rio do que procurou mostrar, na qualidade de presidente do Conselho da Petrobras, Dilma fazia valer sua autoridade, mesmo porque, conforme todos sabiam, fora posta ali por decis�o pessoal do ent�o presidente da Rep�blica Luiz In�cio Lula da Silva.
Hoje, est� claro que, quando chefe do governo, Lula mandava e desmandava na Petrobras. Ele n�o s� aprovou a compra da refinaria de Pasadena, como tamb�m determinou a aquisi��o de outra refinaria, no Jap�o, transa��o igualmente desastrosa para a estatal.
Tamb�m, por decis�o sua, a empresa assumiu o compromisso de montar refinarias no Maranh�o, no Cear� e em Pernambuco.
As duas primeiras, que n�o sa�ram do papel, resultaram no entanto em preju�zo de mais de R$ 2 bilh�es. Dessas refinarias, s� uma foi constru�da, a de Pernambuco, com resultados igualmente lament�veis.
Tudo isso nos leva a supor que a nomea��o de Dilma Rousseff para o Conselho da Petrobras fez parte do projeto de Lula para ter nas m�os a grande empresa estatal.
A ser isso verdade, era inevit�vel que ela, como representante do presidente da Rep�blica, n�o s� estava par dessas compras, como opinava em nome de Lula.
Tal hip�tese se justifica em face das dela��es feitas por Delc�dio Amaral.
A gravidade dessas dela��es � tanto maior se se considera que Delc�dio era o representante da presidente Dilma no Senado e, como todos sabiam, homem de confian�a dela e de Lula.
Por isso mesmo, estava a par do que os dois pensavam, faziam ou o usavam para fazer.
Tentar agora apresent�-lo como algu�m que n�o merece qualquer credibilidade, n�o convence ningu�m.
Ou devemos crer que eles escolheram um mau car�ter para represent�-los no Senado da Rep�blica?
Em tempo: lament�vel o modo chulo como Lula se referiu �s mulheres filiadas a seu partido. E pensar que ele foi presidente da Rep�blica do Brasil e acaba de ser nomeado superministro!
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