Cronista, cr�tico de arte e poeta.
Sem futuro
Durante meus 70 anos de observa��o da vida pol�tica brasileira, n�o me lembro de ter visto tanta gente nas ruas manifestando-se contra um governo. E n�o apenas para protestar contra esta ou aquela medida considerada inaceit�vel. N�o, as manifesta��es do �ltimo domingo (13) exigiam o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a pris�o do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.
Essas manifesta��es, que se alastraram por todo o pa�s, desde as grandes cidades como S�o Paulo, Rio de Janeiro, a capital da Rep�blica e demais capitais at� as m�dias e pequenas cidades do interior dos Estados.
Outro aspecto a destacar � o fato de que tais manifesta��es n�o foram convocadas nem organizadas por partidos pol�ticos mas, ao contr�rio, por iniciativa da pr�pria cidadania. Esse fato por si s� impede que o Lula e o Wagner aleguem que se trata da iniciativa golpista dos partidos de oposi��o. Nada disso; as figuras de oposi��o, que se atreveram a juntar-se aos manifestantes, foram simplesmente hostilizadas.
Noutras palavras: quem pede o impeachment de Dilma e o fim da corrup��o petista � o cidad�o comum, que se cansou da aventura populista, imposta ao pa�s por Lula e que o levou � situa��o desastrosa em que se encontra hoje.
Nos cartazes e faixas que exibiam mostravam seu apoio � Opera��o Lava-Jato e, particularmente, ao juiz S�rgio Moro. Cabe observar tamb�m o n�vel de organiza��o destas manifesta��es, cujos participantes se vestiam de verde e amarelo, exibindo, al�m de faixas, cartazes e m�scaras dos principais personagens, carros e alegorias denunciando os abusos dos governos petistas. Se se leva em conta que esta foi, certamente, a maior e mais ampla manifesta��o popular contra um governo, deve-se concluir que Dilma, Lula e o petismo est�o postos contra a parede, sem alternativa.
Ningu�m dir� que esse impasse ocorre por acaso. Aos crimes praticados contra a Petrobras e ao uso irrespons�vel dos recursos p�blicos soma-se a incompet�ncia administrativa, respons�veis por uma crise pol�tica e econ�mica sem igual em nossa hist�ria.
O povo nas ruas exige que Dilma deixe o governo. Ela, por sua vez, dois dias antes, convocou a imprensa para dizer que n�o renunciar�, nem que a vaca tussa. Garantiu isso, embora, de fato, n�o governe, como todos sabem. Cabe ent�o perguntar: pode manter-se � frente do governo de um pa�s algu�m que n�o o governa?
Um dia antes das manifesta��es referidas, houve a conven��o do PMDB, o principal apoio pol�tico do governo no Congresso. A expectativa era grande, j� que uma parte consider�vel do partido j� se manifestara contra a manuten��o da alian�a com Dilma Rousseff.
A ruptura, por�m, n�o ocorreu, como ali�s j� previam os analistas pol�ticos, levando em conta, al�m do car�ter dos peemedebistas, certos interesses em jogo que poderiam provocar uma divis�o, muito inconveniente nesta hora. � que, no caso do impeachment se efetivar, o vice Michel Temer assumiria a Presid�ncia.
N�o obstante –como dizem os comentaristas– foi um aviso pr�vio a Dilma Rousseff, uma vez que o PMDB prometeu dentro de 30 dias dar sua palavra final, ou seja, desligar-se do governo. Ali�s, o discurso de Michel Temer, encerrando a conven��o, deixou isso subentendido, quando, sem confirmar a manuten��o do apoio a Dilma, afirmou que o fundamental era manter a unidade (dos peemedebistas, claro) para recuperar o pa�s e superar a crise, ou seja, aquilo que o governo petista n�o consegue fazer.
Enquanto isso, a situa��o de Lula se agravava, com o risco de ele ser preso a qualquer momento. Essa possibilidade assustou a todos eles, e foi quando se passou a falar na ida de Lula para um minist�rio, o que lhe garantiria foro privilegiado. Dilma negou que fosse isso, mas o pior estava por vir: a divulga��o de uma conversa telef�nica sua com Lula, quando ela o avisa de que est� lhe enviando um termo de posse, para que ele usasse se necess�rio. Ou seja, para n�o ser preso. Uma bomba que pode levar � deposi��o de Dilma.
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