Cronista, cr�tico de arte e poeta.
Vasto mundo
Em meados do ano que acabou, os meios de comunica��o divulgaram a chegada ao planeta Plut�o de um foguete espacial da Nasa, que fotografou esse planeta que, no sistema solar, � o mais distante da Terra.
Para chegar a ele, o foguete viajou nove anos e, chegando l�, constatou que Plut�o era bastante diferente do que supunham os cientistas, a come�ar pelo fato de que sua crosta apresenta vastas cadeias de montanhas formadas por gelo de �gua, ou seja, semelhante ao gelo que cobre as montanhas de nosso planeta. Isso significa que existe �gua em Plut�o e, se existe �gua ali, n�o � imposs�vel que exista vida tamb�m.
Quase no mesmo dia, outra not�cia sobre tema semelhante chegava at� n�s: a descoberta de um planeta semelhante a J�piter, que gira em torno de uma estrela semelhante ao nosso sol. Haver� vida nesse planeta? Trata-se de um sistema solar como o nosso, composto de outros planetas, havendo um talvez com habitantes parecidos conosco?
Bom, afinal de contas tudo � poss�vel, dependendo de nossa capacidade de imaginar. De qualquer modo, uma coisa � verdade: o ser humano �, sem d�vida, um bicho extraordin�rio, tanto por essa necessidade de conhecer como por sua capacidade de levar � pr�tica essa necessidade.
Pare para pensar: j� considerou quanto conhecimento � necess�rio para saber como chegar a um planeta como Plut�o, a bilh�es de quil�metros de dist�ncia? Mas n�o � apenas a vasta dist�ncia que impressiona, mas, sobretudo, construir uma nave capaz de vencer a for�a de atra��o da Terra e superar as complexas rela��es de for�as c�smicas que ter�o de ser superadas para tornar poss�vel a viagem. E sei l� quantos outros problemas estar�o implicados em semelhante proeza, como calcular com precis�o o momento em que esse foguete -a tantos bilh�es de quil�metros da Terra- iniciar� a manobra para entrar na �rbita de Plut�o. J� imaginou quantos problemas est�o implicados em semelhante manobra, operada aqui da Terra, com a ajuda de uns tantos equipamentos que o homem inventou?
E ao me perguntar isso, n�o posso ignorar que n�s, seres humanos, habitamos um min�sculo planeta que gira em torno de uma estrela de quinta grandeza, pertencente a uma gal�xia constitu�da de bilh�es de s�is e constela��es, sendo ela, a Via L�ctea, uma entre bilh�es e bilh�es de constela��es. E mais, essas gal�xias s�o quase nada na vastid�o do espa�o vazio que constitui o universo. Ent�o, pergunto: o que � o ser humano em meio a essa talvez infinita vastid�o?
Nada? Quase nada? N�o obstante, ele � capaz de saber tudo isso a respeito do universo e ainda criar m�quinas que conseguem navegar por ele e auscultar seus mist�rios.
Agora mesmo, um cientista lan�ou um projeto cujo objetivo � descobrir se h� seres semelhantes a n�s no universo. A pergunta que motiva o projeto � a seguinte: "estamos s�s no cosmo?"
Um n�mero consider�vel de institui��es e de cientistas est� disposto a difundir, como for poss�vel, sinais atrav�s do espa�o c�smico, na esperan�a de que algu�m que viva em algum planeta, ainda que situado a milh�es ou bilh�es de anos-luz de dist�ncia, responda a essa pat�tica indaga��o.
Pensando bem, isso � uma pira��o. Milh�es ou bilh�es de anos para a pergunta chegar a algu�m e outros tantos para chegar a n�s a resposta. E em que l�ngua? Como saber se se trata de uma mensagem ou de meros ru�dos c�smicos? Conforme acredito, mesmo que haja outros seres inteligentes no mundo, dificilmente entender�o nossos sinais e n�s os deles. De qualquer modo, as dist�ncias s�o t�o fant�sticas que jamais seria poss�vel algu�m chegar at� n�s ou chegarmos n�s at� algu�m de outro sistema solar. � como se n�o existissem. Por isso digo que o universo est� a� apenas para ser contemplado e nos maravilhar.
� o que penso, neste come�o do ano de 2016, esticado na poltrona da sala, com a gatinha deitada sobre minhas pernas, no apartamento em que moro, � r. Duvivier, em Copacabana, Rio de Janeiro, planeta Terra.
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