Cronista, cr�tico de arte e poeta.
Beco sem sa�da
A primeira semana deste m�s veio confirmar o ditado segundo o qual agosto � o m�s do desgosto. Que o digam os petistas, a come�ar por Jos� Dirceu, por Dilma e por Lula, que efetivamente n�o est�o vivendo o melhor agosto de sua vida.
Sem exagero, tendo a acreditar que, em meio a tantos percal�os, esta nova pris�o de Jos� Dirceu –e, sobretudo, as den�ncias que a motivaram– foi um baque do qual, at� agora, o petismo, em seus diferentes n�veis, ainda n�o conseguiu se recuperar. E, creio eu, dificilmente o conseguir�.
� que Jos� Dirceu, depois de Lula, � a figura mais importante do Partido dos Trabalhadores, como comprova a sua hist�ria pol�tica. Pois bem, as acusa��es v�m confirmar n�o apenas sua atua��o decisiva no esquema de propinas vultuosas em favor do PT como em seu pr�prio benef�cio.
E n�o se trata de qualquer dinheiro, mas de milh�es de reais. Com essa grana, comprou apartamento para a filha, adquiriu e mandou reformar im�veis de luxo.
Para a perplexidade da na��o, ficou-se sabendo que, mesmo depois de preso em consequ�ncia do mensal�o, continuou, de dentro da pris�o, a administrar o recebimento e aplica��o das propinas milion�rias. Isso indica que ele n�o estava levando a s�rio a a��o da justi�a e que achava que logo, logo, estaria livre e impune.
Calculou mal, claro, mas n�o � isso que impressiona, e sim que aquele l�der revolucion�rio, que enfrentou a ditadura militar e se dedicou � luta pelo socialismo, aliado de Fidel, tornou-se um corrupto, ladr�o do dinheiro p�blico.
N�o surpreende a ningu�m que ele se diga inocente. Mas Lula, Dilma e a dire��o do PT sabem muito bem que as acusa��es s�o procedentes e, tanto o sabem, que n�o vieram a p�blico defend�-lo, como o fizeram no caso do mensal�o. Muito pelo contr�rio, a dire��o do PT fugiu da imprensa e se reuniu secretamente para discutir o abacaxi e ver que decis�o tomar.
Foi uma longa discuss�o. Se no mensal�o ainda se sentiam � vontade para apresent�-lo como v�tima de cal�nias, precisamente pelo que significava como l�der do PT, desta vez n�o se atreveram a tanto; pior ainda, sequer mencionaram-lhe o nome na nota que, por for�a das circunst�ncias, tiveram de redigir e entregar � imprensa.
N�o diria que, por essa omiss�o, tenha a nota causado surpresa, j� que todos sab�amos o quanto seria dif�cil para a dire��o do partido pronunciar-se sobre essa nova pris�o de Jos� Dirceu, em face das graves acusa��es, que sabia verdadeiras. A nota do PT, de fato, cumpre uma �nica fun��o: dar a entender que o partido nada tem a ver com as falcatruas de seu ex-presidente e um de seus l�deres mais importantes.
Ela n�o causou espanto, mas pegou mal. Como pegou mal o sil�ncio de Lula sobre a pris�o e as acusa��es sofridas por seu companheiro de vida pol�tica e partid�ria, seu bra�o direito quando exercia a fun��o de presidente da Rep�blica, na condi��o de ministro da Casa Civil.
Que pode significar esse sil�ncio da parte de Lula, sen�o o prop�sito de evitar que a desgra�a do companheiro o contamine?
Dilma tampouco tocou no assunto. � como se nada houvesse acontecido, embora ela seja presidente, chefe de um governo do mesmo partido a que pertence Jos� Dirceu. Como ela se diz inimiga da corrup��o, poderia at�, quem sabe, pedir que o expulsem do PT. Mas a coer�ncia n�o � o seu forte.
De qualquer modo, ignorar o que acontece com Jos� Dirceu, se � lament�vel, era previs�vel, uma vez que, a cada dia, o cerco aperta em consequ�ncia de novas dela��es –e o desprest�gio do governo atinge �ndices assustadores.
Isso com apenas sete meses da nova gest�o. E sem perspectiva de melhorar, uma vez que a situa��o econ�mica se agrava e o governo perde o apoio de seus pr�prios aliados, que come�am a abandonar o barco, mesmo porque novos acusados aderem � dela��o premiada, como � o caso de Renato Duque, homem de liga��o do PT com o esquema de propinas de Petrobras.
Acredita-se que ele trar� � Lava Jato informa��es s� compar�veis �s trazidas por Paulo Roberto Costa, e envolvendo diretamente os governos petistas e seu partido. Se se soma isso � ampla rejei��o popular ao governo Dilma, pode-se admitir que a hist�ria do PT, como partido governante, parece chegar ao fim.
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