O Planalto colocou os comandantes militares numa posição girafa ao insinuar que as suspeitas de Jair Bolsonaro contra as urnas eletrônicas tinham respaldo, o que é duvidoso.
Veio o primeiro turno e, salvo um bolsonarista que teve 3.000 votos e diz que lhe roubaram outros 400 mil, ninguém duvidou do processo de armazenamento e totalização dos resultados.
O Ministério da Defesa, que falou quando não devia, calou-se quando devia falar.
Vale o ensinamento do presidente americano Calvin Coolidge: Quem fica calado nunca precisa voltar atrás.
Malta viu antes
Está nas livrarias "Otávio Malta Jornalismo de Combate", organizado por seu filho Dácio. Reúne 22 breves artigos de Malta. A capa diz tudo, mostrando o teclado de uma máquina de escrever Lettera 82, fabricada pela Olivetti. Fala de um tempo que passou, como o das caravelas. Todos os jornais onde Malta trabalhou acabaram-se e ele morreu em 1984, aos 82 anos.
Cronista político desde os anos 20 do século passado, ele foi definido por Paulo Francis, seu colega na redação da Última Hora: "Um polemista de esquerda e uma doce criatura." Ele batia duro, mas só para cima.
Quando a ditadura resolveu ajoelhar a Última Hora, Malta passou a escrever com o pseudônimo de Manoel Bispo.
Previa-se que em dez anos "um cérebro eletrônico irá editar os jornais". Em 1964 os computadores eram chamados de "cérebros eletrônicos".
Malta previu: "Os jornais estarão revolucionados pela pressão do cérebro eletrônico. Então, a polícia não perseguirá mais o redator, que usou a liberdade de imprensa para defender uma reivindicação, ou um direito, ou uma ideia. Perseguirá uma máquina: o cérebro eletrônico."
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