Nascido na It�lia, veio ainda crian�a para o Brasil, onde fez sua carreira jornal�stica. Recebeu o pr�mio de melhor ensaio da ABL em 2003 por 'As Ilus�es Armadas'. Escreve �s quartas-feiras e domingos.
Robson Marinho e a poderosa blindagem do tucanato paulista
Julia Moraes - 13.fev.2008/Folhapress | ||
Robson Marinho, em foto de arquivo, que voltou a ser afastado do Tribunal de Contas de S�o Paulo |
Enquanto o Senado tirava A�cio Neves da frigideira, o Tribunal de Justi�a de S�o Paulo mostrou o poder de persuas�o do tucanato que governa o Estado h� 22 anos. Por 3 a 2, a 12� C�mara de Direito P�blico determinou a reintegra��o do doutor Robson Marinho na sua cadeira de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, da qual foi afastado em 2014.
Robson Marinho foi prefeito de S�o Jos� dos Campos, deputado federal e presidente da Assembleia Legislativa. Al�m disso, em 1994 coordenou a campanha de M�rio Covas ao governo do Estado. Ascendeu � chefia da Casa Civil do tucano e dele recebeu o mimo vital�cio de conselheiro do Tribunal.
Desde 2008 Marinho � investigado pela pr�tica de malfeitorias, regiamente remuneradas, em benef�cio da fornecedora de equipamentos metroferrovi�rios e de energia Alstom. O governo su��o encaminhou ao Brasil os extratos do que seria sua conta num banco daquele pa�s, com um saldo de US$ 3 milh�es. A Alstom j� fez acordos com o Minist�rio P�blico, mas os processos que tratam dos pol�ticos tucanos metidos nas roubalheiras no Metr� e nas ferrovias paulistas simplesmente n�o andam ou andam devagar.
Pudera, o governador Geraldo Alckmin foi o �nico pol�tico brasileiro a amea�ar com um processo uma empresa que reconheceu seus malfeitos. Dizendo-a "r� confessa", prometeu processar a Siemens, que, a partir da Alemanha, destampou a panela das roubalheiras. Hoje, a Siemens � um exemplo internacional de padr�es �ticos. A amea�a era conversa fiada.
O desembargador Jos� Orestes de Souza Nery relatou o processo de Marinho e sustentou que o doutor deveria retornar � cadeira porque, passados tr�s anos, o Minist�rio P�blico n�o provou que sua recondu��o acarretaria riscos. Esclareceu tamb�m que "n�o cabe ao presente julgamento a an�lise de eventual culpa do requerido pelos atos de improbidade a ele imputados". Marinho nunca deixou de receber os R$ 30 mil de sal�rio e pretendia retornar ao Tribunal de Contas, repetindo: de Contas. H� 50 mil presos provis�rios nas cadeias paulistas, e l� o tempo m�dio de tranca, sem direito a sal�rio, esteve em 234 dias.
O papa � argentino, mas Deus � brasileiro. No dia seguinte � decis�o da turma paulista, a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justi�a, reiterou o afastamento e Marinho continua fora da cadeira, recebendo seu contracheque de trintinha.
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