As grandes fusões entre empresas do setor automotivo vão encerrando aos poucos a história de marcas centenárias. A ameaça paira agora sobre a italiana Lancia, que há tempos vive de vendas magras em sua terra natal.
Criada em 1906 e adquirida pela Fiat há 50 anos, a Lancia ostenta clássicos em seu portfólio. Um dos mais célebres é o Stratos, apresentado pelo estúdio Bertone no Salão de Turim de 1970. Fez sucesso em ralis e chegou às ruas com motor V6 de origem Ferrari.
Hoje, a história se resume ao modelo Ypsilon, um compacto que está em linha há quase uma década. Com a fusão dos grupos FCA Fiat Chrysler e PSA Peugeot Citroën, fica difícil acreditar que um único carro compacto seja suficiente para justificar a existência de uma marca.
Contudo, o executivo Carlos Tavares, que está a frente do grupo PSA, tem afirmado que não há planos de encerrar nenhuma das marcas atuais. Se isso ocorrer, será preciso mudar o perfil de algumas para justificar a coexistência.
A Lancia é o caso mais complexo dentro da nova estrutura. Embora seja um número relevante para um único modelo, as 48 mil unidades vendidos em 2018 são insuficientes para justificar os gastos com montagem de um carro exclusivo, manutenção de pontos de venda etc.
Alguém pode pensar na inglesa Vauxhall, mas esse é um problema menor. Exceto por logomarcas e pela origem, seus carros são idênticos aos da alemã Opel --exceto pelo volante do lado direito. Portanto, não geram grandes investimentos em desenvolvimento.
Se existe algum futuro para a Lancia, a solução pode estar no reposicionamento. Talvez a marca se transforme na opção de baixo custo que falta ao novo gigante do setor automobilístico. Ou então apenas deixe de existir sem muito alarde como já ocorreu com Pontiac, Oldsmobile, Plymouth, Saab, Hummer, Scion e outras tantas. Nesse caso, o Ypsilon seguiria sem mudanças até que o italiano desistisse de comprá-lo.
Com a necessidade de investir em eletrificação e cortar custos, resta pouco espaço para excentricidades e história na indústria automotiva.
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