O brasileiro Thiago Braz sinalizou na semana passada que está no bom caminho para voltar a integrar o grupo dos principais atletas do mundo no salto com vara.
Na abertura da Diamond League, o badalado circuito internacional de atletismo, em Doha, no Catar, ele ficou em segundo lugar com 5,71 m, atrás apenas do norte-americano Sam Kendricks, com 5,80 m, e à frente do japonês Seito Yamamoto, com 5,61 m. A marca não foi um resultado excepcional, levando-se em conta ser o brasileiro o atual campeão e recordista olímpico, com 6,03 m.
Além disso, ele falhou em três tentativas com o sarrafo a 5,80 m, resultado já cravado por ele este ano mas em prova indoor, em recinto fechado. Deixou claro, no entanto, que está recuperando a forma para o duelo com os rivais da elite mundial da modalidade, entre os quais Kendricks.
Depois de quase quatro anos de base em Formia, na Itália, onde treinava com o ucraniano Vitaly Petrov, seu parceiro no projeto que resultou no ouro olímpico, Braz promoveu uma reviravolta na sua carreira.
Voltou a residir no Brasil no final do ano passado para se preparar novamente sob os cuidados do treinador Elson Miranda, o brasileiro especialista em salto com vara, com quem havia trabalhado no início da carreira.
Mudança radical? Não tanto como parece à primeira vista, pois manteve o vínculo com Petrov que agora atua como consultor. A nova situação, na verdade, pode ser encarada mais como uma ampliação de sua retaguarda.
O ucraniano, que trabalhou por longo tempo na ascensão e glória dos ex-campeões mundiais Sergei Bubka, também da Ucrânia, e Yelena Isinbayeva, da Rússia, continua à sua disposição. Dessa forma, teoricamente, está preservada a fonte de experiência e sabedoria que colaborou para o sucesso de Braz no esporte.
Na semana anterior ao evento em Doha, Braz teve uma atuação decepcionante no Grande Prêmio Brasil, em Bragança Paulista, quando ficou fora do pódio. O fracasso, somado às campanhas irregulares que registrou nas duas últimas temporadas (2017 e 2018), marcadas também por contusões, causou apreensão.
Após o ouro na Rio-2016, teria o campeão olímpico perdido a determinação, a motivação? Não, com certeza, é a resposta para tal dúvida ou qualquer outra com viés negativo para as pretensões do atleta. Um alerta de Vitaly Petrov sobre os planos relacionados ao então seu pupilo explica.
A escalada do campeão olímpico na especialidade e a intensa preparação para os Jogos tinham sido exaustivas, exigindo uma redução no ritmo das suas atividades, com a retomada prevista para esta temporada pré-olímpica que prevê a participação dele no Pan de Lima, em julho, e no Mundial de Doha, em setembro.
O objetivo seria driblar os riscos de esgotamento, estresse e contusões que poderiam comprometer o desempenho nos preparativos para o bi em Tóquio-2020. O repeteco do pódio é possível, não uma certeza. Portanto, mesmo diante das dúvidas, tudo parece caminhar dentro dos planos anunciados.
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