Não sei se foi a chegada da adolescência ou a pandemia que acabou com a animação carnavalesca de minhas duas meninas. Talvez tenha sido a mistura das duas coisas. O fato é que Carnaval é apenas mais um feriado com vários dias de descanso para a minha duplinha.
Lembro-me de cada fantasia que as duas usaram. Bailarina, pirata, baiana, havaiana, heroínas e princesas mil fizeram parte do guarda-roupa de Luiza, hoje com 16 anos, e Laura, 10, por muitos anos. A fantasia de dançarina de frevo foi icônica. Assim como a de mulher maravilha, quando passaram a se vestir com roupas iguais, apenas de tamanhos diferentes.
Já foram Elsa e Ana, de Frozen. Branca de Neve e Bela. Alice do País das Maravilhas e filha do Chapeleiro Maluco. São muitas fotos e lembrança deste feriado que tanto gosto, mas do qual nem sempre usufruo. É que jornalista não descansa quando quer, descansa conforme a agenda de plantões e folgas.
Mesmo quando eu estava de plantão, a folia era garantida. Organizava meus horários e levava as meninas para a diversão. Antes do feriado, havia ainda a festa na escola, e era aquela correria gostosa para escolher a fantasia.
Mesmo antes da pandemia minhas meninas já demonstravam que não eram tão ligadas ao Carnaval quanto eu. Reclamavam do calor dos bloquinhos e da lotação de ruas, parques e salões. Aproveitavam mesmo confete, serpentina e espuma. Com a chegada da Covid-19, transferimos a festa para dentro de casa, no quintal, garantindo diversão.
A situação pandêmica chegou ao final e eu imaginei que elas iriam querer encarar as ruas novamente. Enganei-me. Preferem a tranquilidade do lar, diversão com amigas, shopping, internet e filmes com pipoca no sofá da sala de casa.
Ter filhos é isso. É ver dois seres humanos completamente diferentes de você andando por aí. Eu respeito as escolhas das duas. Ensinei-as o hino do Galo da Madrugada, "importei" fantasia de Recife (PE), vesti-as para a festa desde o primeiro Carnaval de cada uma. Falei sobre a importância do samba como resistência, introduzi as músicas dos novos e dos antigos baianos, levei-as para as ruas, para Pernambuco, Bahia e o centro de São Paulo, apresentando essa festa tão maravilhosamente brasileira.
Fiz o que tinha que ser feito como mãe. Brincaram quanto puderam, quando e quanto quiseram. Passou. Talvez, na juventude, sejam carnavalescas ou talvez sejam pessoas que vão sempre querer correr para as montanhas no Carnaval.
Eu guardo as boas memórias, a felicidade que foi enfeitá-las e me divertir com as duas. Guardo momentos que não voltarão mais. Será que vão enjoar de festa junina também? Não sei se o coração da mãe aqui aguenta.
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