Ph.D em Business, doutorado em administra��o, mestrado e bacharelado em economia. � professor na Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.
Mundo Econ�mico
PANORAMA MUNDO
Recentemente, o �ndice de pre�os ao consumidor (CPI na sigla em ingl�s) da zona do euro caiu 0,1% em setembro em rela��o ao mesmo m�s de 2014. O Jap�o tamb�m enfrenta o problema da defla��o, com recuo do �ndice igual ao dos europeus no mesmo per�odo.
Com o medo da defla��o, os bancos centrais de Uni�o Europeia e Jap�o est�o estimulando a economia atrav�s de uma pol�tica monet�ria conhecida como quantitative easing (QE).
A pol�tica monet�ria � usada pelos bancos centrais para estimular a economia quando as a��es tradicionais como compra de t�tulos da d�vida p�blica —que tende a reduzir a taxa de juros m�dia na economia e aumentar a oferta de moeda— se tornam ineficientes. Isso acontece quando a taxa de juros j� est� muito baixa.
Para implementar essa pol�tica, os bancos centrais expandem a oferta de moeda para a economia por meio da compra de ativos de bancos comerciais e outras institui��es financeiras. Com essa compra, as institui��es financeiras ter�o mais fundos e poder�o conceder mais cr�dito, estimulando o consumo e o investimento na economia. A maior oferta de moeda, gerada no processo, tende a gerar infla��o. Essa pol�tica somente funciona se os bancos e outras institui��es financeiras de fato utilizarem os novos recursos para criar novos empr�stimos.
H� duas semanas, o presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, sugeriu que, se necess�rio, a autoridade monet�ria ampliaria os est�mulos da pol�tica monet�ria para atingir a meta de infla��o de 2% ao ano. Ele tamb�m reiterou que, caso seja preciso, o programa de compra de ativos ser� expandido para depois de setembro de 2016, quando est� previsto o fim do est�mulo monet�rio. Desde seu in�cio, em mar�o deste ano, o BCE compra mensalmente at� € 60 bilh�es em ativos.
Na �ltima semana, o banco central do Jap�o decidiu manter inalterado o quantitative easing, optando por esperar mais sinais da economia antes de tomar alguma decis�o sobre a pol�tica monet�ria. A institui��o conservou a meta do programa de compra de 80 trilh�es de ienes em ativos por ano, que tem por alvo uma infla��o de 2% ao ano. Como os pre�os no pa�s voltaram a recuar, o mercado espera que o banco do Jap�o anuncie novas medidas de est�mulo para conseguir atingir a meta estabelecida para a alta de pre�os, ap�s d�cadas de estagna��o e, por vezes, defla��o.
Os resultados atingidos na economia japonesa pelo quantitative easing n�o dever�o ser diferentes dos efeitos desta pol�tica na zona do euro, pelo menos no que diz respeito � evolu��o dos pre�os e ao crescimento econ�mico.
A economia do Jap�o apresenta alguns aspectos semelhantes aos da zona do euro, principalmente em rela��o � pir�mide demogr�fica invertida, ou seja, o envelhecimento da popula��o. Pesquisas do banco do Jap�o e do FMI (Fundo Monet�rio Internacional) apontam para a tend�ncia de o envelhecimento da popula��o m�dia diminuir o n�vel de poupan�a na economia e, devido �s mudan�as nos pre�os relativos, levar � defla��o.
No entanto, a popula��o europeia � mais propensa a consumir do que a japonesa, o que pode resultar num comportamento mais positivo do quantitative easing na zona do euro.
PANORAMA BRASIL
Na �ltima semana, o Tesouro Nacional informou que o deficit fiscal de 2015 poder� chegar a R$ 110 bilh�es. O governo federal tem como objetivo um resultado negativo de R$ 51,8 bilh�es. O poss�vel abatimento das pedaladas fiscais praticadas pelo governo em 2014, despesas que j� deveriam ter sido pagas e est�o sendo regularizadas neste ano, � de outros R$ 50 bilh�es. O nas contas p�blicas equivale a 1,99% do PIB brasileiro.
Com esse grande deficit p�blico, a d�vida do governo federal tamb�m aumenta para cobrir o saldo negativo nas contas. No relat�rio de setembro do Tesouro Nacional, a d�vida governamental teve um aumento de 1,80%, passando de R$ 2.686,29 bilh�es, em agosto, para R$ 2.734,63 bilh�es, em setembro. A composi��o desta d�vida est� dividida em 41,4% de prefixados, 31,7% atrelados a �ndices de pre�os, 21,4% atrelados � Selic e 5,5% ao c�mbio.
Samy Dana/Tesouro Nacional | ||
![]() |
Como grande parte da d�vida p�blica est� atrelada a �ndices de infla��o como IPCA (�ndice de Pre�os ao Consumidor - Amplo) e IGP-M (�ndice Geral de Pre�os - Mercado) e ao c�mbio, a varia��o positiva destes geram aumento do custo da d�vida do governo federal. O IPCA apresentou varia��o de 0,54% em setembro, acumulando alta de 9,49% em 12 meses. J� o IGP-M teve um aumento de 1,89% em outubro, ante crescimento de 0,95% em setembro. O IGP-M acumulado em 12 meses est� em 10,09%. O d�lar exibiu um ganho em rela��o ao real de 45,09% apenas no ano de 2015.
Com os �ndices de infla��o muito altos, uma varia��o muito significativa do d�lar frente ao real e a taxa Selic em 14,25% ao ano, o custo m�dio acumulado nos �ltimos 12 meses da d�vida p�blica do governo brasileiro aumentou 0,14 ponto percentual, passando de 15,93% ao ano em agosto para 16,07% ao ano em setembro. O indicador mostra que a d�vida n�o � somente alta, mas tamb�m custosa.
O gr�fico abaixo mostra o custo m�dio ao decorrer dos anos da DPF (D�vida P�blica Federal), DPFMi (D�vida P�blica Federal Mobili�ria Interna), DPFe (D�vida P�blica Federal Externa) e a evolu��o da taxa Selic.
Samy Dana/Tesouro Nacional | ||
![]() |
Percebe-se que o custo m�dio da DPF acompanha os crescimentos e quedas da taxa Selic. Assim, quando Banco Central come�ou a elevar a taxa, em abril de 2013, o custo da DPF acompanhou a sua alta, saindo de aproximadamente 11% ao ano e atingindo o j� citado patamar atual.
A cada deficit fiscal gerado pelo governo federal, o endividamento cresce e o risco de calote aumenta, elevando os juros que o governo federal precisa pagar para compensar o risco maior dos seus credores, o chamado 'pr�mio de risco'. Portanto, o deficit fiscal torna a d�vida federal cada vez mais cara.
Post em parceria com Gabriel Vieira, graduando em economia pela Funda��o Get�lio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade