Ph.D em Business, doutorado em administra��o, mestrado e bacharelado em economia. � professor na Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.
O que � necess�rio para que voc� defina caro e barato?
Oferta e demanda como reguladores do mercado n�o s�o novidade para ningu�m. Mas � interessante perceber como certas demandas s�o inventadas de acordo com o contexto. E como � relativo o valor que damos ao dinheiro.
Para despesas comuns ao cotidiano, d� para perceber as oscila��es de pre�o de acordo com a conjuntura. Se a crise econ�mica apertou o bolso da maioria da popula��o, o momento � prop�cio para quem busca uma redu��o no pre�o do aluguel residencial, por exemplo, tendo em vista o excesso de oferta.
Agora, como avaliar a precifica��o de produtos sup�rfluos criados para atingir um p�blico muito espec�fico? No mercado de luxo, podemos achar situa��es dif�ceis de encontrar qualquer equipara��o. Na Austr�lia, por exemplo, uma empresa colocou � venda um rolo de papel higi�nico feito de ouro, avaliado em aproximadamente 1,3 milh�o de d�lares australianos. Outra extravag�ncia � a vodca dos bilion�rios. Uma garrafa est� avaliada em cerca de US$ 3,7 milh�es.
O valor de uma garrafa � o suficiente para comprar dois carros da marca Ferrari. Para colocar um produto t�o absurdamente caro no mercado, a marca cria toda uma "m�gica publicit�ria", dizendo que a bebida possui receita secreta, que � produzida com a �gua mais pura poss�vel e envasa a bebida em uma garrafa cheia de diamantes.
Muito distante do mercado de luxo, um milion�rio chin�s teve a ideia de vender ar puro em latinhas. Foi a ideia que surgiu em meio aos elevados �ndices de polui��o em algumas regi�es do pa�s. Faturou cerca de US$ 800 somente no primeiro dia de vendas.
Em um contexto cr�tico —como polui��o m�xima—, at� o ar que respiramos pode se tornar produto no mercado. Na outra ponta, para quem n�o sente necessidade de saber quanto dinheiro possui na carteira, gasta-se o patrim�nio que a maioria da popula��o n�o consegue construir durante toda uma vida em uma garrafa de bebida.
As compara��es s�o exageradas e baseadas em produtos bizarros, mas podem servir como base para avaliar aquilo que atribu�mos valor de acordo com o nosso contexto. Antes da severidade da crise h�drica, � bem poss�vel que voc� n�o se importasse em tomar um banho de 40 minutos, mesmo sabendo que pelo ralo escorrem recurso natural e dinheiro. Neste ano, no entanto, com certeza pagou mais caro por gal�es de �gua em S�o Paulo.
Fora do contexto da crise econ�mica, voc� poderia dar mais valor �quele t�nis importado na vitrine do shopping do que ao valor destinado para alguma aplica��o financeira. No cen�rio de recess�o, entretanto, consegue notar como faz falta um fundo de emerg�ncias bem consolidado.
O que � caro e o que � barato mudam de acordo com o contexto e com nosso momento de vida, mas � importante lembrar que os ciclos econ�micos s�o t�o relativos quanto o valor que atribu�mos ao que compramos.
O mercado sempre criar� meios de convencer voc� de que � uma boa ideia gastar alguns milh�es com itens irrelevantes como uma vodca envasada em garrafa com diamantes ou papel higi�nico de ouro. Cabe a n�s o bom senso de cuidar bem do bolso ou deix�-lo sufocado a ponto de precisar pagar por um pouquinho de ar puro.
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