Ph.D em Business, doutorado em administra��o, mestrado e bacharelado em economia. � professor na Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.
O poder de um dado estat�stico depende de seu contexto
Quando algu�m fala a palavra "estere�tipo", voc� logo associa a algum tipo de classifica��o com tend�ncia a ser pejorativa, n�o � mesmo? Afinal, julgar um grupo de pessoas por caracter�sticas rasas, como a apar�ncia, pode levar a uma conclus�o vazia e preconceituosa. Sendo assim, se desfazer de estere�tipos � um passo para a constru��o de um mundo melhor.
Socialmente, isso certamente � verdadeiro. Mas voc� sabia que o ato de estereotipar pode ser �til para a considera��o de dados estat�sticos de uma forma mais precisa?
Para mostrar como isso acontece, o especialista em economia comportamental, Daniel Kahneman, mostra duas varia��es de uma experi�ncia interessante apresentando um caso hipot�tico. Ele conta que um t�xi se envolveu em um acidente e o motorista fugiu do local. Na cidade onde ocorreu o fato, operam duas companhias: uma verde e outra azul.
Na primeira situa��o, � dada a informa��o de que 85% dos t�xis da cidade s�o verdes e 15% s�o azuis. Em seguida, � informado tamb�m que uma testemunha identificou o t�xi como azul e que o n�vel de confiabilidade desta pessoa na ocasi�o era de 80%.
Em seguida, � pedido que as pessoas avaliem a probabilidade de o t�xi envolvido no acidente ser azul ou verde. O experimento mostra que a maior parte das pessoas simplesmente ignora a primeira informa��o e considera apenas o que � apontado pela testemunha.
No segundo contexto, no entanto, a informa��o do percentual de t�xis de cada cor na cidade � substitu�da pelo dado que as duas empresas operam o mesmo n�mero de carros, por�m os verdes est�o envolvidos em 85% dos acidentes.
A informa��o da testemunha foi mantida da mesma forma. Neste segundo caso, a experi�ncia mostrou que as pessoas tendem a considerar muito mais a possibilidade de o acidente ter sido provocado por um t�xi verde, tendo em vista que ele induz � forma��o de um estere�tipo. Dado o percentual elevado de acidentes, as pessoas tendem a considerar motoristas de t�xis verdes como irrespons�veis.
O experimento, em suma, mostra que os n�meros isolados n�o t�m tanta express�o em nossos julgamentos. Entre um n�mero meramente estat�stico e o relato embasado de uma testemunha, as pessoas tendem a acreditar mais na vers�o com causalidade.
Em contrapartida, quando voc� apresenta dados estat�sticos com algum tipo de infer�ncia que permita formar estere�tipos, a informa��o tende a ser considerada de forma mais expressiva.
N�o se trata aqui de formar estere�tipos pejorativos, mas acrescentar informa��es causais a dados estat�sticos facilita a assimila��o. Se voc� vai montar uma apresenta��o com os resultados da empresa, por exemplo, citar cases junto aos n�meros confere mais relev�ncia �s informa��es apresentadas.
Da mesma forma, em uma negocia��o voc� ter� mais chances de convencer o outro lado a fechar uma proposta favor�vel se apresentar informa��es estat�sticas ligadas a dados causais. Dizer que as vendas tiveram um crescimento de 23% em um ano � um dado importante, mas ganha muito mais credibilidade se voc� apresent�-lo apontado os motivos que impulsionaram este crescimento.
Post escrito em parceria com Karina Alves, editora do site Finan�as Femininas
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