Ph.D em Business, doutorado em administra��o, mestrado e bacharelado em economia. � professor na Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.
Mundo Econ�mico
PANORAMA MUNDO
Diante das expectativas do resultado do terceiro trimestre do PIB (Produto Interno Bruto) da China, a precis�o dos dados oficiais da economia do pa�s foi contestada. Enquanto parte do mercado financeiro e jornalistas especulam que a economia chinesa est� pior do que os n�meros oficiais demonstram, pesquisas apontaram na dire��o inversa: a economia do gigante asi�tico � maior do que os dados oficiais sugerem.
Relat�rio da institui��o de pesquisa CSIS, divulgado no m�s passado, mostrou que o PIB chin�s de 2013 foi US$ 10,5 trilh�es, em vez dos US$ 9,5 trilh�es apontados pelos dados oficiais.
O principal motivo para a diverg�ncia entre dados oficiais e a economia real � o sistema cont�bil usado pela China para medir o PIB. O m�todo atual cobre menos o setor de servi�os, que, segundo economistas, desde 2009 contribui mais para o PIB do que o setor industrial. O gr�fico abaixo mostra a tend�ncia da economia chinesa, de orienta��o manufatureira para uma economia de servi�os.
Bloomberg | ||
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Economia chinesa |
Com a economia maior, o n�vel de endividamento chin�s em rela��o ao PIB parece menos assustador e a produtividade se mostra melhor. Mesmo com o tom positivo da not�cia, dados econ�micos n�o confi�veis s�o preocupantes, pois alimentam o ciclo de pol�ticas ineficazes, seguidas por p�nico nos mercados financeiros e maiores danos � economia.
Apesar do forte impacto nas expectativas dos investidores, a desacelera��o da economia chinesa n�o � surpresa. Como mostrado pelo FMI (Fundo Monet�rio Internacional), a taxa de crescimento da China vem desacelerando desde 2010 —de 10,6% para uma proje��o de 6,8% em 2015. O desaquecimento econ�mico era esperado, visto que o modelo tradicional de crescimento chin�s se aproxima dos limites estrutural e ambiental.
Em um discurso para l�deres provinciais, o primeiro-ministro e chefe do governo, Li Keqiang, destacou que a China precisa de reformas estruturais e tecnol�gicas, em uma transi��o de m�todos tradicionais de crescimento para m�todos inovadores.
A necessidade de reformas pr�-mercado mais profundas tem sido evidenciada pela inefici�ncia das estatais chinesas em rela��o �s empresas privadas. Desafios enfrentados pela China incluem a consolida��o de uma economia de mercado baseada no consumidor e reformas no sistema financeiro.
O relat�rio do banco central chin�s divulgado em 7 de outubro apresentou reservas melhores que as esperadas, evidenciando a redu��o da fuga de capitais. Al�m disso, a recente estabiliza��o do yuan sugere que a pol�tica de transi��o para taxa de c�mbio baseada no mercado tem sido bem executada e, com isso, espera-se que a China evite o colapso financeiro anunciado pela 'Black Monday' —quando, em 24 de agosto, a Bolsa de Xangai caiu 8,5%.
PANORAMA BRASIL
O acordo conclu�do em 5 de outubro entre Estados Unidos, Jap�o e outros dez pa�ses, a Parceria Transpac�fico (TPP), ter� fortes impactos na economia do Brasil e dos demais emergentes. O tratado reduzir� barreiras comerciais entre os membros, que, em conjunto, s�o respons�veis por 40% da economia mundial e possuem um mercado consumidor de 800 milh�es de pessoas.
Segundo especialistas, o tratado serve de alerta para o Brasil, apontando para a necessidade de maior integra��o do pa�s na economia mundial. Com o TPP, o esfor�o brasileiro no desenvolvimento de negocia��es multilaterais na OMC (Organiza��o Mundial do Com�rcio) mostra-se inv�lido, pois, com a nova realidade comercial estabelecida pelas regras do acordo, o Brasil perde poder de negocia��o, assumindo posi��o passiva nas negocia��es de regras comerciais internacionais.
Al�m disso, como os membros do acordo trocar�o mercadorias sem taxa��o de impostos, os produtos brasileiros perder�o competitividade em mercados importantes. O Brasil exportou, no ano passado, US$ 54 bilh�es para os 12 pa�ses envolvidos no tratado —aproximadamente 25% do valor total de exporta��es— e importou US$ 60 bilh�es.
Um estudo do Centro de Com�rcio Global e Investimento da FGV (Funda��o Getulio Vargas) mostra que o impacto do tratado na ind�stria brasileira ser� relevante: oito dos 16 setores industriais de transforma��o sofrer�o perdas no PIB. O setor de ve�culos e partes deve ter perda de 1%, enquanto o setor de equipamentos e transportes deve perder 3%.
A Parceria Transpac�fico deve enfraquecer a OMC, e a Uni�o Europeia deve acelerar a negocia��o com os EUA para a conclus�o da Parceria Transatl�ntica (TTIP). A parceria entre americanos e europeus pode reduzir em 5% as exporta��es brasileiras para os EUA e UE.
Os emergentes que est�o fora das negocia��es ter�o que se adaptar aos padr�es estabelecidos pelo acordo. Em especial, a TPP fortalece os Estados Unidos, ao contrabalancear a influ�ncia chinesa sobre o com�rcio no Pac�fico. O tratado ainda deve ser votado pelo Congresso dos EUA, e deve estar ratificado no in�cio de 2016.
Por um lado, espera-se que, com o aquecimento das tr�s economias latino-americanas participantes do tratado —M�xico, Chile e Peru—, alguns setores espec�ficos da economia brasileira sejam favorecidos pela maior demanda, como equipamentos eletr�nicos, que teriam alta de 0,91% no PIB.
Por outro lado, o pa�s perder� mercados na Am�rica Latina, o que pode for�ar o Brasil e demais integrantes do Mercosul a flexibilizarem suas regras, permitindo que membros aumentem la�os com os vizinhos que n�o perten�am ao bloco.
De acordo com economistas, a Parceria Transpac�fico � um sinal de maior liberaliza��o do com�rcio mundial. Seguindo esse racioc�nio, ferramentas para lidar com a crise brasileira incluem maior abertura econ�mica e uma postura que permita maior inser��o nas negocia��es dos grandes acordos internacionais.
Post em parceria com Yan Kaled Barbosa, graduando em administra��o pela Funda��o Getulio Vargas e trainee pela Consultoria J�nior de Economia
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