Ph.D em Business, doutorado em administra��o, mestrado e bacharelado em economia. � professor na Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.
Nobel de Economia pode transformar a forma como enxergamos riqueza
No come�o desta semana, o economista Angus Deaton atingiu outro patamar na carreira. A honraria do pr�mio Nobel de Economia vem como reconhecimento de um trabalho que tende a revolucionar a sociedade. Muito mais do que desenvolver um estudo que seja motivo de orgulho para ele pr�prio e para a comunidade acad�mica, a linha de estudo de Deaton pode ajudar a construir pol�ticas econ�micas que beneficiem popula��es inteiras.
O economista foi premiado por desenvolver estudos sobre como decis�es individuais de consumo s�o fundamentais para entender e definir pol�ticas econ�micas que promovam bem-estar e reduzam a pobreza. Com doutorado em Cambridge, ele finalizou em 2013 um mapeamento das origens da desigualdade em mais de dois s�culos anos de hist�ria.
O j�ri da Academia Real das Ci�ncias da Su�cia —institui��o que define o ganhador o pr�mio— destacou que ele mereceu o Nobel por trazer transforma��es para a microeconomia, macroeconomia e economia de desenvolvimento.
De modo geral, a sociedade nos estimula a pensar que o papel de um bom economista � entender e construir pol�ticas que sejam capazes de gerar riqueza. Deaton, por outro lado, prop�e um novo modo de enquadrar assuntos determinantes para o meio social.
Em parceria com o tamb�m economista Daniel Kahneman, ele desenvolveu um estudo mostrando que o m�ximo de dinheiro que uma pessoa precisa produzir por ano para garantir uma vida feliz s�o US$ 75 mil. Acima disso, o dinheiro n�o faz mais diferen�a. A tese dos dois contraria o senso comum e a busca desenfreada para acumular cada vez mais bens materiais, na ilus�o de que esse seja o rem�dio para a felicidade.
Um de seus estudos tamb�m demonstra como a demanda por uma mercadoria depende da renda de quem consome e dos pre�os de todos os bens e servi�os. Isso foi uma ferramenta fundamental para entender como a mudan�a de uma pol�tica fiscal pode afetar profundamente o bem-estar da popula��o.
Contribui��es como essa permitem que mudan�as econ�micas sejam feitas buscando o bem-estar social e a diminui��o da desigualdade como prioridade, n�o somente o ac�mulo de riquezas de determinado pa�s. Da forma como o mundo se organiza hoje, os pa�ses em desenvolvimento ganham destaque por suas riquezas, PIBs elevados e relev�ncia no cen�rio internacional, mas isso n�o necessariamente vem acompanhado de desenvolvimento social.
No Brasil, isso sempre foi um grande paradoxo. Vivemos em um pa�s repleto de riquezas, mas ainda n�o conseguimos realmente aplacar as fortes desigualdades sociais. A China surpreende a todos com seu poder de fogo em produ��es industriais e crescimento constante, mas luta a todo custo para esconder do mundo a realidade social de grande parte da popula��o do pa�s, que vive em situa��o de extrema pobreza e lida com trabalho escravo.
A premia��o de um estudioso que dedicou a vida para entender a economia em conex�o com o bem-estar social � muito mais do que um prest�gio para o pr�prio autor. Atrav�s do trabalho dele, o mundo inteiro tem a ganhar e encarar a palavra riqueza com outros olhos.
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