Ph.D em Business, doutorado em administra��o, mestrado e bacharelado em economia. � professor na Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.
Mundo Econ�mico
PANORAMA MUNDO
Os reflexos da desacelera��o do crescimento da economia chinesa s�o vastos: da "sexta-feira negra" na Bolsa de Xangai no fim de agosto —quando as a��es chinesas tiveram sua maior queda na hist�ria, de 8,5%— ao fim do boom das commodities, que era puxado pelo pa�s. Segundo o FMI (Fundo Monet�rio Internacional), esse movimento n�o � o an�ncio de uma crise, mas de um ajuste "necess�rio" que tem sido acompanhado pela flexibiliza��o da pol�tica monet�ria do governo chin�s.
Os dez meses de a��es do banco central chin�s tem come�ado a impactar a facilidade do cr�dito e a perspectiva de estabiliza��o do crescimento. No per�odo, o governo aumentou seus gastos, reduziu a taxa de juros, diminuiu o dep�sito compuls�rio, e ainda desvalorizou o yuan, tentando basear o crescimento no aumento do consumo interno e dos investimentos em obras p�blicas, em infraestrutura e, principalmente, na constru��o civil.
A privatiza��o parcial de empresas estatais, proposta pelo governo chin�s nos �ltimos meses, � considerada pela diretora da Barclays de Hong Kong, Jian Chang, a reforma mais cr�tica para a China na pr�xima d�cada. Isso porque as SOEs (do ingl�s, state owned enterprises) somam mais de 155 mil companhias e sua inefici�ncia frente a das empresas privadas vem crescendo muito nos �ltimos anos.
Antes vista com certo receio pelo governo chin�s, hoje a poss�vel venda de at� 50% das a��es das estatais para a iniciativa privada se deve ao aumento das falhas do papel das estatais para a economia chinesa. Contudo, o governo deixou claro que n�o abrir� m�o do controle das empresas estatizadas.
A mudan�a de postura est� ligada ao fato de as companhias estatizadas —sejam elas de setores estrat�gicos para a economia, como energia ou avia��o, ou de outros setores— estarem apresentando cada vez menos lucratividade, mesmo possuindo diversas vantagens competitivas por dominarem o mercado e terem acesso mais barato aos bancos, tamb�m estatizados.
Al�m disso, tamb�m se verificou que o medidor do retorno de uma empresa estatal gira em torno dos 5%, enquanto a m�dia do retorno das companhias privadas se encontra na classe dos 9%.
Dessa forma, as empresas chinesas estatizadas, ainda em maioria na Bolsa de Xangai, podem ter a interven��o estatal diminu�da, com uma prov�vel diminui��o dos subs�dios e entrada de capital privado. Aguarda-se, assim, a Quinta Plen�ria do Partido Comunista, que ocorrer� neste m�s e na qual os planos para os pr�ximos cinco anos e para o futuro das estatais ser�o discutidos.
PANORAMA BRASIL
O crescimento substancial do Brasil nos �ltimos anos e a expectativa de forte crescimento para os pr�ximos anos contribuiu para que os governantes acreditassem no cont�nuo aumento da receita tribut�ria e, a partir disso, previssem as despesas do governo, sem se dar conta da urgente necessidade de uma reforma estrutural.
Contudo, a expectativa de alto crescimento estava incorreta e �ltima estimativa para o desempenho do PIB (Produto Interno Brasileiro) do boletim Focus para este ano, desenvolvida pelo banco central, foi reduzida pela 12� semana consecutiva e a queda, antes prevista em 2,80%, recuou ainda mais, para 2,85%. J� a previs�o do PIB para 2016 foi mantida em recuo de 1%.
Al�m disso, a desacelera��o da economia vem afetando a maioria dos setores e regi�es do Brasil, sendo a constru��o civil e a ind�stria de transforma��o as mais afetadas. J� os setores de ind�stria extrativa e do agroneg�cio t�m se destacado ultimamente, principalmente devido ao aumento do d�lar e do incentivo �s exporta��es.
Contudo, apesar de esses setores apresentarem crescimento, � esperado pelos analistas que a expans�o n�o seja suficiente para conter o recuo dos outros setores em crise e que n�o haver� espa�o para crescimento econ�mico em nenhuma regi�o brasileira em 2015.
Nesse cen�rio de crise econ�mica e de crise fiscal, se o deficit fiscal anunciado em R$ 30,5 bilh�es se mantiver e n�o forem tomadas as a��es necess�rias para diminu�-lo, o Brasil, j� rebaixado pela Standard & Poor's, correr� um risco ainda maior de tamb�m perder o grau de investimento das ag�ncias Moody's e Fitch.
Assim, faz-se necess�ria uma reforma tribut�ria e uma reavalia��o dos gastos p�blicos com privil�gios, Previd�ncia Social, sal�rios e benef�cios do funcionalismo p�blico e tamb�m de certos programas sociais para analisar se uma poss�vel modifica��o em tais fatores culminaria em um aumento do bem-estar social e da produtividade do pa�s.
Post em parceria com Gabriel Moreira de Castro, graduando em administra��o de empresas pela Funda��o Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade