Ph.D em Business, doutorado em administra��o, mestrado e bacharelado em economia. � professor na Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.
A solidariedade pode ajudar voc� a atravessar a recess�o econ�mica
Quando somos crian�as, uma das primeiras li��es que aprendemos com os pais e tamb�m no jardim de inf�ncia � a import�ncia de dividirmos o que temos com os colegas de classe.
De in�cio, alguns pequenos podem mostrar mais resist�ncia do que outros para aceitar a ideia, mas aos poucos eles v�o entendendo que podem experimentar um brinquedo diferente se toparem emprestar aquela bola ou boneca ao colega. Nascem a� as primeiras li��es de escambo, permuta e de como a pr�tica pode beneficiar os dois lados.
Ao longo da vida, no entanto, esses valores que s�o passados com tanta determina��o parecem perder for�a em nosso inconsciente. Os princ�pios que norteiam as decis�es s�o completamente diferentes. O sujeito abre uma empresa hoje e, antes de pensar em crescimento sadio e sustent�vel, quer logo bolar estrat�gias para superar a concorr�ncia.
Quando as coisas v�o bem, a economia est� com a sa�de em dia e o dinheiro entra sem problemas, as pessoas n�o demonstram muita preocupa��o em ajudar parceiros e fornecedores, mas sim em como tirar o maior proveito de todas as situa��es poss�veis.
Em vez de agirmos de acordo com os princ�pios que aprendemos na escola, fazemos exatamente o oposto, parecendo a crian�a mimada que n�o aceita dividir o brinquedo e ainda quer tomar o dos outros.
Em contrapartida, a crise financeira e os momentos de dificuldade aparecem para nos ensinar a mudar o pensamento e a buscar uma postura diferente. Durante a crise financeira, tem crescido o interesse de empresas que procuram a permuta para evitar a inadimpl�ncia.
Com pouco dinheiro em caixa e o consumo retra�do, uma alternativa para garantir a manuten��o das empresas � pensar em rela��es de permuta com parceiros e fornecedores.
No Brasil, existe uma rede social chamada Bliive, em que o tempo � usado como moeda de troca. Voc� oferece uma hora de aula como personal trainer, por exemplo, e recebe cr�dito para trocar por outro servi�o que interesse. Sendo assim, mesmo sem dinheiro em caixa voc� pode usar o conhecimento que tem para trocar por uma aula de idiomas, por exemplo.
De forma semelhante, existem empresas no mercado que fazem a intermedia��o de outras companhias interessadas em trocar servi�os, como � o caso da Permute. A escola de idiomas Cultura Espanhola ofereceu vagas ociosas em alguns cursos em troca de divulga��o de m�dia.
A utiliza��o de permutas permite que as empresas criem rela��es mais s�lidas e ben�ficas com parceiros, fornecedores e clientes. Mais do que simplesmente surgir como uma alternativa � crise, o modelo de negocia��o pode servir como li��o para que o consumo e o crescimento financeiro sejam pensados de modo mais sustent�vel.
No fim das contas, estamos aprendendo da pior maneira que n�o � prudente deixar de lado o que aprendemos na inf�ncia sobre solidariedade.
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