Ph.D em Business, doutorado em administra��o, mestrado e bacharelado em economia. � professor na Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.
O que acontece quando o b�nus � cancelado
Certas ind�strias, como o mercado financeiro, s�o movidas por b�nus de fim de ano. Os sal�rios s�o altos quando comparados � m�dia dos trabalhadores, mas parecem t�midos perto dos poss�veis b�nus. Em companhias onde impera a meritocracia, a mensagem � clara: quanto melhor for o seu desempenho, maior ser� o b�nus.
Em tempos de crise, no entanto, muitos desempenhos pessoais bons podem ser apagados por resultados fracos do departamento. E a�, como � que fica?
Nestes momentos, � normal reduzir o b�nus distribu�do. O que as empresas n�o avaliam, neste momento, � o impacto que um b�nus esperado, mas n�o concretizado, pode ter sobre os seus funcion�rios.
Quando o tamanho do b�nus � t�o desproporcional, a press�o pode ser demais para muitos. Economistas comportamentais j� comprovaram que aumentar o incentivo para melhorar o desempenho de um indiv�duo funciona —mas s� at� certo ponto. A partir dali, quando o b�nus fica "grande demais", ele mais atrapalha do que ajuda.
A perspectiva de ganhar uma bolada t�o grande acaba distraindo muitos funcion�rios e pressionando outros. No fim das contas, o resultado � o mesmo: abaixo do esperado.
E quando o t�o esperado b�nus n�o vem, h� um problema adicional: muitos j� contavam com ele. Se voc� ganha R$ 2.000 por m�s, mas sabe que pode levar um b�nus de R$ 10 mil no fim do ano, j� assume que vai ganhar e come�a a fazer planos. Saldar d�vidas, comprar um desejo de consumo, e assim por diante. Ou seja: ele passa a ser incorporado ao seu salario.
Se o dinheiro n�o vem, voc� n�o sente aquilo como uma oportunidade perdida, mas sim como um dinheiro que voc� deixou de ter. A experi�ncia psicol�gica � a de perder algo, apesar de nunca ter tido.
Tanto em um quanto em outro caso, o recado � o mesmo: um b�nus grande demais pode atrapalhar. Talvez o melhor seria aumentar os sal�rios e diminuir os b�nus —ou at� troc�-los por comiss�es, que dependem exclusivamente de atingir ou n�o determinado resultado.
Post em parceria com Carolina Ruhman Sandler, jornalista, fundadora do site Finan�as Femininas e coautora do livro "Finan�as femininas - Como organizar suas contas, aprender a investir e realizar seus sonhos" (Saraiva)
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