Ph.D em Business, doutorado em administra��o, mestrado e bacharelado em economia. � professor na Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.
Mundo Econ�mico
PANORAMA MUNDO
Ap�s a crise econ�mica grega e seus importantes impactos nos mercados regionais, a Europa enfrenta hoje a maior crise imigrat�ria de sua hist�ria. A mesma Alemanha que defendeu pol�ticas de austeridade e que durante o terceiro acordo de resgate � Gr�cia foi acusada de flexibilidade e solidariedade insuficientes hoje lidera em abertura pol�tica para receber os imigrantes.
Os custos para o Estado com os refugiados aumentam substancialmente. A It�lia declara gastos que ultrapassam € 1 milh�o por dia com subs�dios para manter os abrigos que acolhem os imigrantes. A Alemanha, que em 2013 gastou € 1,5 bilh�o com asilo, calcula, para 2015, que as despesas p�blicas com refugiados atinjam € 10 bilh�es.
Segundo estimativas da OCDE (Organiza��o para a Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico), cerca de 700 mil pedidos de asilo j� foram protocolados neste ano. Somente a Alemanha estima mais de 800 mil pedidos registrados at� o fim de 2015. Se corretamente administrada, essa entrada em massa de refugiados pode ser um fator importante para movimentar a economia alem�.
Os rec�m-chegados, quando vistos como consumidores, criam novos mercados e aumentam a demanda por servi�os, aquecendo a economia. J� quando vistos como m�o de obra, geram aumento da for�a de trabalho.
Na Alemanha, esse aumento, junto ao fato de os imigrantes estarem dispostos a trabalhar por sal�rios menores, diminui a press�o de aumento salarial vista a partir de 2010 e pode ainda gerar um aumento de produtividade em diversos setores de sua economia.
Em entrevista ao jornal "S�ddeutsche Zeitung", Jens Weidmann, presidente do banco central alem�o, afirmou que a imigra��o oferece oportunidades e que tais oportunidades ser�o melhor utilizadas quanto mais os rec�m-chegados forem integrados � sociedade e ao mercado de trabalho. Acrescentou que, em vista, das mudan�as demogr�ficas, a Alemanha precisa de m�o de obra adicional para manter seu n�vel de bem-estar social.
Sabendo que os pedidos de asilo se concentram em alguns pa�ses, a coordena��o entre diferentes n�veis de governan�a � essencial para evitar sobrecarga. Ademais, os l�deres de cada pa�s devem fomentar investimentos em treinamento e educa��o dos imigrantes para que eles se tornem uma nova for�a de trabalho.
Esses programas de integra��o s�o fundamentais para transformar a imigra��o em oportunidade econ�mica. Nas palavras da soci�loga Saskia Sassen, a Europa precisa importar PIB, ou seja, incorporar os refugiados de forma a expandir sua popula��o economicamente ativa, revertendo o novo cen�rio demogr�fico em um aumento do consumo e dos investimentos.
PANORAMA BRASIL
Enquanto a alta do d�lar � comemorada pelos exportadores, a infla��o e os juros altos pressionam todos. Ap�s atingir R$ 4,24 em uma semana de extrema volatilidade, o d�lar fechou em R$ 3,97 na sexta-feira (25), acumulando valoriza��o da moeda americana de 0,38% na semana e de 49,41% no ano.
A atua��o do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foi essencial na quinta-feira (24), quando o d�lar atingiu a m�xima semanal. Como nunca antes visto, o pr�prio Tombini abriu a entrevista de divulga��o do Relat�rio de Infla��o divulgado pelo BC, numa tentativa de acalmar o mercado.
O relat�rio foi escrito quando o d�lar custava R$ 3,90, e projeta infla��o de 5,3% para 2016, acima do centro da meta, que � de 4,5% no ano. Se fosse compilado quando o d�lar alcan�ava R$ 4,20, a proje��o seria provavelmente mais negativa e ficaria mais acima da meta.
Na entrevista, refor�ou ainda a necess�ria coopera��o do governo e do Congresso no cumprimento da meta fiscal. Al�m disso, ressaltou a cota��o do d�lar e a ociosidade econ�mica como pontos fundamentais nas proje��es inflacion�rias, j� que a a alta da moeda americana aumenta os custos de boa parte das empresas brasileiras e essas empresas repassam esse aumento de custos para os pre�os, aumentando a infla��o.
Sem descartar a possibilidade de aumentar a taxa de juros, caso a infla��o se desvie da meta no fim de 2016, o presidente do BC e o diretor de pol�tica econ�mica, Luiz Awazu Pereira, seguiram a estrat�gia de manter a taxa de juros Selic a 14,25% ao ano.
Para a equipe econ�mica, a alta do d�lar � fruto da falta de par�metros para ancorar o mercado. Na �ltima semana, ap�s o d�lar atingir o patamar de R$ 4, foram leiloados US$ 3 bilh�es l�quidos por meio de swap cambial e ofertados US$ 5 bilh�es por meio de linha de d�lar com compromisso de recompra.
Tombini garantiu que o pa�s conta com reservas cambiais que servem como um seguro e que essas podem e devem ser usadas. As reservas internacionais somam US$ 371,020 bilh�es.
Apesar de as reservas internacionais impedirem que haja uma ruptura por conta do c�mbio, o governo se mostra preocupado com empresas endividadas em d�lar —a desvaloriza��o do real encarece o empr�stimo em d�lar e aumenta o risco de as empresas brasileiras darem default— e mais ainda, deve se preocupar com a seguran�a pol�tica e econ�mica apresentada aos investidores.
Post em parceria com Pedro Henrique Scharam, graduando em administra��o de empresas pela Funda��o Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia
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