Ph.D em Business, doutorado em administra��o, mestrado e bacharelado em economia. � professor na Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.
A forma como se avalia probabilidade pode levar a decis�o financeira ruim
Imagine que Joana est� se preparando para prestar vestibular. Sem conhecer nenhuma caracter�stica dela, qual das tr�s op��es a seguir voc� apostaria como escolha de curso: arquitetura, aquacultura ou biblioteconomia?
Diante das tr�s op��es, � mais l�gico imaginar que voc� tenha escolhido a primeira op��o, tendo em vista a suposi��o de que h� mais alunos matriculados em um curso de arquitetura do que nas duas outras op��es.
Agora suponhamos que sejam dadas algumas pistas sobre Joana. Existem boatos de que ela gosta muito de peixes e que seu hobby favorito � cuidar de aqu�rios. Com essa informa��o, voc� se sente tentado a acreditar que ela tenha optado pelo curso de aquacultura? N�o ser� espantoso se voc� disser que sim.
Ali�s, um resultado parecido foi apontado em um experimento desenvolvido pelo especialista em psicologia econ�mica Daniel Kahneman, que buscava tirar conclus�es a respeito da forma como pensamos em probabilidade.
Na primeira situa��o exposta neste texto, o julgamento � feito usando uma taxa-base como refer�ncia. A defini��o � mais precisa, tendo em vista que o racioc�nio � norteado pelo curso que, em geral, possui maior n�mero de matr�culas dentre as op��es apresentadas.
No segundo caso, no entanto, se voc� tiver mudado o palpite, � sinal de que abriu m�o de uma forte evid�ncia para confiar em um estere�tipo que foi transmitido. O resultado mostra como a representatividade pode interferir em nosso julgamento estat�stico e o quanto isso pode nos prejudicar no dia a dia, levando-nos a decis�es rasas e mal fundamentadas.
Veja bem, deixamos bem claro que a informa��o adicional sobre Joana partiu de um boato. Al�m disso, pode haver milhares de pessoas por a� que s�o interessadas em peixes e aqu�rios, mas nem por isso optaram por cursar aquacultura. Ainda assim, a informa��o apresentada serviu para confundir o seu julgamento inicial.
Isso nos leva a outras reflex�es. O pr�prio Daniel Kahneman d� um outro exemplo que pode servir como pegadinha. Voc� est� no metr� de Nova York e v� uma pessoa lendo o New York Times. Qual dos dois palpites parece mais prov�vel: a pessoa tem um doutorado ou ela ainda n�o tem um diploma universit�rio?
Por mais que o estere�tipo leve a acreditar que a pessoa com doutorado possa ter mais interesse no New York Times do que aquela que ainda n�o se graduou, o metr� tem uma quantidade de usu�rios muito maior entre graduandos do que doutorandos, ou seja, a segunda op��o � mais prov�vel.
Pense nisso na hora de avaliar a credibilidade de uma empresa que voc� ainda n�o conhece bem. Voc� vai a um evento e v� o CEO de uma companhia muito bem vestido e falando com eloqu�ncia admir�vel. Em um primeiro momento, esses elementos podem te levar a crer que a empresa � confi�vel, mas ser� mesmo que todas as pessoas bem vestidas e com boa ret�rica est�o por tr�s de empresas de sucesso?
Aquele seu colega de faculdade extremamente competente resolveu empreender em um segmento com baix�ssima taxa de sucesso e deseja fazer uma sociedade com voc�. A confian�a que voc� tem na imagem que faz dele s�o maiores do que os n�meros desta atividade no mercado?
Misturar probabilidade e estere�tipos � uma armadilha comum e dif�cil de ser desvencilhada, mas agora que voc� est� atento a isso, fa�a um esfor�o para n�o ser enganado por suas primeiras impress�es.
Post escrito em parceria com Karina Alves, editora do site Finan�as Femininas
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