Ph.D em Business, doutorado em administra��o, mestrado e bacharelado em economia. � professor na Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.
O que pensar sobre a credibilidade de quem classifica o risco de pa�ses?
Uma not�cia que envolvesse o nome de ag�ncias de classifica��o de risco divulgada h� dois anos talvez n�o despertasse grande interesse da popula��o. Neste per�odo de crise, no entanto, quando as tr�s principais ag�ncias de rating do mundo come�aram a sinalizar que estavam perdendo a confian�a na capacidade de o Brasil honrar seus compromissos financeiros, come�ava ali uma fa�sca que poderia virar um grande inc�ndio.
O combust�vel de verdade veio com a decis�o de uma delas, Standard & Poor's, de retirar o selo de bom pagador do Brasil, concedido em 2008.
De fato, o pa�s teve condi��es de "ostentar" o t�tulo de grau de investimento por menos de oito anos (2008-2015). � como entregar um presente de anivers�rio a uma crian�a e tom�-lo de volta antes mesmo que ela apague as velas do bolo.
As medidas anunciadas recentemente pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, visando cortar gastos e mudar as perspectivas para o or�amento de 2016 se justificam pelo que representa a decis�o da S&P.
Mat�ria da Folha mostra a diferen�a da entrada de recursos estrangeiros no pa�s antes e depois do selo de bom pagador. Segundo informa��es do Banco Central e do Tesouro Nacional, de 2002 a 2007 o Brasil recebeu, em m�dia, um fluxo anual de US$ 19 bilh�es.
De 2008 a 2014, esses n�meros deram um salto significativo, passando para US$ 54 bilh�es anuais, em m�dia. O volume praticamente triplicou. O grande receio do governo, neste momento, � que o pa�s retorne aos patamares observados no per�odo anterior a 2008.
Bom, at� ent�o sabemos que � realmente lastim�vel que o pa�s n�o tenha desfrutado do t�tulo de bom pagador por mais tempo. Por outro lado, existem aspectos que n�o podem deixar de ser considerados quando pensamos na quest�o da classifica��o de risco. E para isso � preciso analisar duas quest�es de forma individual.
Do lado de c�, n�o h� como contestar que a pol�tica econ�mica adotada nos �ltimos anos teve efeitos catastr�ficos. Se em 2008 nos alegr�vamos pelo fato de o Brasil ter conseguido escapar de impactos mais dolorosos da crise imobili�ria americana, a propaganda pol�tica nos anos seguintes dava a entender que as coisas continuavam indo bem.
Mas a disparada da infla��o, dos juros, o crescimento do desemprego e a desacelera��o da economia mostraram que a conta n�o estava fechando como deveria.
Bom, se para n�s est� bem claro que n�o faltam motivos para contestar a falta de credibilidade na gest�o atual, o que dizer a respeito da reputa��o das ag�ncias respons�veis pela classifica��o de risco? Em meio a todo alvoro�o gerado em fun��o do rebaixamento do Brasil pela S&P, um fato cr�tico que n�o veio � tona com a aten��o que merecia � a fun��o que a mesma ag�ncia exerceu durante a crise imobili�ria dos Estados Unidos.
Uma comiss�o de inqu�rito aberta naquele pa�s em 2011, com o objetivo de investigar a crise, apurou que as ag�ncias de rating tiveram papel decisivo no agravamento do colapso financeiro. Empresas hipotec�rias que j� estavam com dificuldades financeiras ou mesmo � beira de quebrarem recebiam notas de cr�dito altas.
A situa��o s� cessou em meados de 2007, quando a crise j� havia chegado ao seu �pice. As mesmas empresas que vinham recebendo notas alt�ssimas de repente despencaram na classifica��o de risco e o mercado entrou em p�nico.
Se por aqui o governo precisa mostrar que os esfor�os s�o capazes de recuperar nosso selo de investimento e a manuten��o de investidores de longo prazo, do lado de l� s� nos resta esperar que a conduta das ag�ncias n�o seja question�vel como foi na crise americana.
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