Ph.D em Business, doutorado em administra��o, mestrado e bacharelado em economia. � professor na Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.
E se voc� precisasse viver com o equivalente a US$ 1 por dia?
Quando voc� tem uma despesa inesperada no meio do m�s ou percebe que estourou o or�amento com gastos desnecess�rios, fica de olho no calend�rio na esperan�a de que os dias passem bem r�pido e o sal�rio caia novamente em sua conta banc�ria. Se isso j� parece dif�cil, o que voc� faria se tivesse que viver com o equivalente a US$ 1 por dia?
Um grupo de quatro jovens universit�rios americanos resolveu entender melhor como � poss�vel a sobreviv�ncia de comunidades em situa��o de extrema pobreza. Durante dois meses, os quatro viveram no isolado vilarejo de Pe�a Blanca, na Guatemala. O resultado do trabalho experimental foi um document�rio intitulado "Living on one dollar" (Vivendo com um d�lar, tradu��o livre).
O choque de realidade e o contato com os moradores locais trouxeram mais aprendizado do que o grupo tinha em mente para a conclus�o do trabalho. Muito al�m da l�gica convencional que norteia o modo de vida nos grandes centros —em que voc� controla um or�amento para bancar sua vida, pagar d�vidas no cr�dito e economizar dinheiro para o futuro—, o desafio deles era conseguir ter o m�nimo para o sustento e usar a criatividade para fazer o "pouco durar muito". A descoberta mais enriquecedora dos estudantes foi compreender a import�ncia da solidariedade no vilarejo.
Eles descobriram, por exemplo, que as fam�lias se organizam para elaborar uma esp�cie de poupan�a coletiva. Cada fam�lia d� uma contribui��o para um fundo coletivo, sendo que a cada m�s o montante total beneficia uma fam�lia diferente. Assim, � poss�vel bancar despesas m�dicas de emerg�ncia, fazer melhorias em uma casa —como a constru��o de um fog�o a lenha— ou possibilitar um casamento dentro da pr�pria comunidade.
O cr�dito popular oferecido por um banco rural da regi�o � usado para fomentar o empreendedorismo por necessidade. O filme deixa bem claro o senso de responsabilidade dos tomadores do empr�stimo, tendo em vista que cada centavo conta para o resultado final do dia. Uma das moradoras da vila, por exemplo, conseguiu iniciar seus trabalhos como aut�noma em tecelagem com base no cr�dito.
Ela � somente um dos exemplo de mulheres empreendedoras na vila. As solu��es adotadas pela comunidade levaram ao empoderamento feminino.
Vale a pena assistir o document�rio com bastante senso cr�tico e tentar trazer algumas reflex�es para a nossa realidade. Como usar o cr�dito de uma forma mais respons�vel? Como o or�amento da fam�lia pode ser pensado de uma maneira mais estrat�gica e solid�ria? Como otimizar despesas b�sicas, como a alimenta��o do dia a dia?
No fim das contas, a escassez traz uma s�rie de li��es para nossa sociedade, acostumada desde sempre com a abund�ncia e o desperd�cio de recursos.
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