Ph.D em Business, doutorado em administra��o, mestrado e bacharelado em economia. � professor na Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.
Medo pode ser muito mais tr�gico que potencial de estrago de uma crise
O que voc� acha que acontece com mais frequ�ncia: mortes por acidentes ou por derrame? Se voc� tiver presenciado ou lido a not�cia de um acidente grav�ssimo nos �ltimos dias, � bem poss�vel que atribua �s trag�dias um n�mero maior de mortes do que ao derrame.
Em uma outra ponta, pense em uma situa��o simples: voc� tem mais medo de seu empreendimento falir neste ano do que tinha h� tr�s anos? � bem poss�vel que a resposta seja sim, tendo em vista o cen�rio de crise econ�mica no pa�s.
Essa correla��o pode ser explicada cientificamente. Nos estudos sobre psicologia econ�mica, existe um conceito chamado de heur�stica de disponibilidade. De um modo geral, temos mais facilidade de evocar na mem�ria fatos marcantes mais recentes. Sendo assim, nosso temor em rela��o a um acidente de tr�nsito fica mais evidente quando temos contato com uma exposi��o constante da m�dia sobre o assunto.
Como eventos tr�gicos ou muito fora do comum s�o abordados pela imprensa com mais destaque, um grupo de psic�logos cognitivos resolveu fazer experimentos neste sentido e mostrou justamente como o julgamento das pessoas � afetado de acordo com os moldes da cobertura midi�tica.
Entre as situa��es colocadas, os participantes acreditavam que o n�mero de mortes por acidentes era 80% maior do que os �bitos causados por derrame, sendo que na verdade a causa subestimada provocava o dobro de mortes em rela��o aos acidentes de uma forma geral.
Voltemos ent�o para o contexto econ�mico. Todos os dias voc� v� destaques no notici�rio alertando para a alta do d�lar, para os efeitos da crise, o desemprego crescente, a falta de confian�a na economia, entre outros assuntos relacionados.
Somado a tudo isso, tem tamb�m a crise pol�tica. A exposi��o do assunto de uma forma constante cria um fen�meno chamado de cascata de disponibilidade. O assunto fica o tempo todo evidente em nossas mentes e afeta a forma como tomamos nossas decis�es, deixando que a emo��o influencie demasiadamente nossa capacidade de julgamento.
Ainda que o cen�rio n�o seja favor�vel, a rea��o negativa �s not�cias pode acabar tendo um efeito exagerado em termos pr�ticos. Do mesmo modo que uma comunidade que acaba de passar por um terremoto sente-se mais inclinada a investir em medidas de prote��o para a casa, seguros e estocagem de alimentos, as pessoas tendem a reagir � crise de um modo protecionista.
A avers�o ao risco aumenta, a vis�o de longo prazo acaba se contaminando pelo pessimismo e as decis�es tamb�m acabam sendo moldadas pelo medo. Ainda que o cen�rio econ�mico n�o esteja em sua melhor fase, reagir ao mau momento com desespero ou extremismo s� tende a trazer resultados mais catastr�ficos para suas finan�as.
Antes de reagir de uma forma completamente emocional, procure ponderar um pouco mais e ampliar seus horizontes. Apesar de j� ser clich�, nas horas de afli��o com as not�cias sobre a economia, as pessoas tendem a ignorar o fato de que uma crise sempre pode trazer novas oportunidades.
Post escrito em parceria com Karina Alves, editora do site Finan�as Femininas
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