Ph.D em Business, doutorado em administra��o, mestrado e bacharelado em economia. � professor na Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.
Mundo Econ�mico
PANORAMA MUNDO
Nas �ltimas d�cadas, a China registrou taxas de crescimento da atividade econ�mica espetaculares, devido principalmente � magnitude das exporta��es realizadas. Durante a crise de 2008, por exemplo, que atingiu fortemente in�meras economias avan�adas —como os Estados Unidos e diversos pa�ses da Europa—, a taxa de crescimento chinesa continuou no patamar dos 9% a 10% ao ano.
Contudo, o ritmo de crescimento da economia chinesa vem decaindo e deixando muitos analistas preocupados, j� que essa desacelera��o pode significar que o modelo de crescimento utilizado esteja chegando ao seu limite.
Assim, pode ser necess�rio encontrar outros meios que propiciem a continuidade da expans�o chinesa, como o aumento da potencial demanda interna —hoje quase inexistente devido aos baixos sal�rios, � desigualdade social e � inseguran�a dos chineses, que preferem poupar a consumir.
Apenas neste ano, a China j� apresentou uma s�rie de dados desanimadores para o mercado: al�m de sofrer a maior desacelera��o econ�mica desde 1989, as importa��es do pa�s recuaram 34% de janeiro a julho.
A diminui��o da atividade econ�mica vem afetando os mercados globais. Na �ltima semana, as Bolsas fecharam em queda ap�s o setor industrial chin�s apresentar dados que revelaram a queda mais r�pida do ritmo de crescimento do setor desde a crise financeira de 2008.
O fraco indicador da China resultou em uma onda de liquida��o nos mercados acion�rios de �sia, Europa e Am�rica Latina, assim como novos decl�nios nas cota��es das commodities.
Para conter o recuo das exporta��es, o banco central chin�s promoveu a maior desvaloriza��o do yuan dos �ltimos 20 anos. Ao depreciar a moeda local, as exporta��es chinesas ficam mais competitivas internacionalmente. Nos �ltimos anos, a competitividade vinha caindo devido ao enriquecimento do pa�s, que eleva os custos da produ��o, tornando os produtos a serem exportados menos competitivos do que os de outros pa�ses.
Al�m de exercer press�o de baixa nas principais Bolsas de valores do mundo, a medida adotada pelo governo chin�s gerou uma desvaloriza��o cambial internacional que afetar� principalmente os mercados emergentes.
No curto prazo, ao mesmo tempo em que a desvaloriza��o das moedas dos pa�ses em desenvolvimento pode ser prejudicial para suas economias, isso torna suas exporta��es mais competitivas em �mbito global e � um estimulo muito conveniente para o momento atual vivenciado pelos exportadores de commodities da Am�rica Latina.
Assim, a queda da atividade passa a gerar questionamentos sobre o poss�vel esgotamento do atual modelo de crescimento do governo chin�s, que vem ensaiando uma poss�vel troca de modelo, ao optar pela desvaloriza��o cambial em detrimento de uma "repress�o salarial".
Ao n�o escolher a segunda op��o, o governo indica que tem o objetivo de depender menos dos investimentos e mais do consumo interno, que s� se expandir� com um n�vel salarial que possibilite um adequado poder de compra para sua imensa demanda interna.
PANORAMA BRASIL
A ado��o de pol�ticas expansionistas baseadas no aumento do consumo interno, que trouxeram um alto ritmo de crescimento econ�mico para o Brasil e possibilitaram a r�pida sa�da da crise de 2008, al�m de produzirem uma press�o inflacion�ria ap�s o per�odo de expans�o, tamb�m s�o medidas que trazem benef�cios apenas no curto prazo e n�o se sustentam no longo prazo.
A pr�pria press�o inflacion�ria e o endividamento dos consumidores acabam por diminuir o volume de bens demandados. Esse cen�rio, posterior ao de alto ritmo de crescimento, � o atual quadro brasileiro em que a infla��o acumulada se encontra muito acima do teto da meta definido pelo CMN (Conselho Monet�rio Nacional).
Junto � crise econ�mica, ainda pode ser acrescentada uma turbul�ncia pol�tica. Em conjunto, elas afetam o crescimento da atividade econ�mica brasileira e em especial do setor industrial, cuja fragilidade e falta de competitividade v�m sendo ressaltadas desde o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.
Esse contexto macroecon�mico vem mitigando os investimentos no setor industrial brasileiro. Isso porque as expectativas dos empres�rios s�o pessimistas: n�o esperam um aumento do consumo devido ao endividamento dos brasileiros e ainda esperam o aprofundamento da crise econ�mica. Assim, n�o acreditam que o ambiente econ�mico se tornar� prop�cio para o aumento de investimentos nos pr�ximos anos.
Al�m dos fatores citados, a confian�a dos empres�rios tamb�m diminui por causa da intensifica��o de fatores como a alta dos impostos, o aumento dos juros e dos custos de produ��o e o atual ritmo de atividade do setor, que novamente apresentou contra��o em julho.
Al�m disso, o atual pessimismo e contra��o da atividade s�o vivenciados em conjunto com o aumento da taxa de desemprego e da expectativa da mesma —aumento esse inerente �s pol�ticas expansionistas adotadas no governo Lula. Dados divulgados pelo Caged mostraram que o pa�s fechou mais de 157 mil postos de trabalho no m�s de julho, o pior resultado para o m�s desde julho de 1992.
Assim, os impactos causados pela pol�tica de juros elevados e pela atual crise pol�tica e econ�mica colocam o Brasil em um c�rculo vicioso bastante danoso para a economia. Nesse ciclo, os altos juros deixam o capital de giro mais caro, aumentando os custos de investimentos. Tamb�m diminuem as vendas, aumentando o desemprego, indicando que a crise ainda pode se aprofundar nos pr�ximos anos.
Post em parceria com Matheus Corr�a de Oliveira, graduando em administra��o de empresas pela Funda��o Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia
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