Ph.D em Business, doutorado em administra��o, mestrado e bacharelado em economia. � professor na Escola de Administra��o de Empresas de S�o Paulo da FGV.
Pare de tentar encontrar motivo para tudo que acontece
Como voc� reagiria se algu�m dissesse que nem tudo que acontece ao seu redor tem explica��o causal? E se voc� tivesse que admitir a si mesmo que muito do que v� no mundo � fruto de pura aleatoriedade? � contraintuitivo admitir isso, n�s sabemos. Mas � a verdade. Ali�s, buscar sempre uma causa pode nos levar a erros bem graves, como veremos a seguir.
No livro "R�pido e Devagar: Duas formas de pensar", o psic�logo Daniel Kahneman traz um exemplo bem n�tido de como nossa mente tende a rejeitar o acaso. Pense em uma maternidade e em uma sequ�ncia de beb�s nascidos em uma noite. Se dissessem para voc� que nasceram, nesta ordem, um menino, duas meninas, dois meninos e uma menina, � bem prov�vel que voc� achasse mais plaus�vel que uma sequ�ncia de seis meninas.
Mas veja bem, os nascimentos s�o independentes, portanto, as possibilidades de menino ou menina s�o iguais. Ou seja, por mais que pare�a dif�cil de crer, a sequ�ncia de seis meninas ou seis meninos � t�o prov�vel como qualquer outra.
O mesmo princ�pio vale para um jogo de loteria, por exemplo. J� notou como fica surpreso quando tr�s n�meros sequenciais aparecem entre os sorteados? Por mais que seja dif�cil admitir, a sequ�ncia 04 11 24 33 42 50 � t�o prov�vel quando 01 02 03 04 05 06.
Vamos pensar na aleatoriedade em exemplos mais complexos. O autor do livro cita algumas considera��es do estat�stico William Feller, que trouxe uma situa��o muito clara de como as pessoas podem facilmente enxergar padr�es onde n�o existem.
Na Segunda Guerra Mundial, durante um intenso bombardeio a Londres, foi despertada uma cren�a de que os ataques n�o eram aleat�rios, porque o mapa apontava lacunas �bvias. Houve uma suspeita de que espi�es alem�es estivessem escondidos nas �reas n�o atingidas. No entanto, uma an�lise estat�stica demonstrou que a distribui��o dos locais bombardeados era t�pica de um processo aleat�rio.
Leve isso para o cotidiano: voc� deve ter notado que nos �ltimos anos houve uma explos�o de startups no mercado. Muitos tentam, alguns prosperam, mas n�o h� uma rela��o causal evidente. No entanto, o sucesso de algumas acaba impulsionando o nascimento (e o fracasso) de muitas outras.
O gestor de um fundo, por exemplo, pode acertar em tr�s investimentos em sequ�ncia e as pessoas imaginarem que ele seja um g�nio, mas os acertos podem ter ocorrido por mero acaso. Nosso �mpeto em encontrar rela��es causais a todo momento pode nos levar a tomar conclus�es precipitadas e rasas.
Post escrito em parceria com Karina Alves, editora do site Finan�as Femininas
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