Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Lula deixa margem no programa de governo para disputar o 3º turno

Ajustes nas diretrizes foram feitos para permitir negociações também depois da eleição

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Os ajustes feitos pelo PT no programa de governo de Lula foram calculados para atravessar o que o partido trata como uma eleição em três turnos. Os acenos incluídos no texto e as lacunas mantidas em certas diretrizes têm o objetivo de preservar eleitores fiéis, deixar a porta aberta para novas adesões e, principalmente, permitir negociações caso chegue a hora de governar.

De saída, a plataforma de Lula buscou uma marca social para consolidar o favoritismo do ex-presidente no primeiro turno em segmentos como o eleitorado de baixa renda. Além disso, sustentou bandeiras tradicionais da esquerda na economia, como o veto a privatizações e a reversão de normas trabalhistas.

A campanha decidiu recuar de outras mensagens direcionadas a esse público próximo. Sumiu do plano, por exemplo, a sugestão de uma flexibilização do direito ao aborto. Assim, os petistas querem evitar uma fuga, ainda na primeira etapa, de eleitores conservadores que podem votar em Lula pela economia.

A campanha optou ainda por uma linguagem vaga o suficiente para permitir barganhas futuras no mercado eleitoral. Sem fórmulas definitivas para medidas econômicas, Lula espera contar com alguma margem para conversar com atores de direita, empresários e investidores num possível segundo turno.

Há também sinalizações para o tal terceiro turno, que vai da contagem de votos até o início de um eventual governo. Estão lá a nova proposta de valorização das carreiras policiais e as menções suaves aos militares —tentativas de reduzir o antagonismo desses grupos no caso de ameaças de tumulto pós-eleitoral.

Uma preocupação adicional dos petistas está na virada do calendário. Dirigentes do partido preferem manter até lá algum mistério em torno de pontos importantes como o teto de gastos e a reforma trabalhista. A ideia é deixar algumas brechas para discutir soluções específicas com parlamentares e atores econômicos que provavelmente não estarão com os dois pés no barco petista.

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