![bernardo mello franco](https://cdn.statically.io/img/f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15170891.jpeg)
Jornalista, assina a coluna Bras�lia. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.
O Papai Noel do Supremo
BRAS�LIA - Gilmar Mendes n�o anda de tren�, mas est� distribuindo mais presentes que Papai Noel. Nesta segunda, o supremo ministro soltou Adriana Ancelmo e suspendeu um inqu�rito contra Beto Richa. Os dois s�o investigados sob suspeita de corrup��o e lavagem de dinheiro.
A mulher de S�rgio Cabral foi a maior felizarda do dia: vai trocar a cadeia de Benfica pelo aconchego do lar no Leblon. Ela j� foi condenada a 18 anos de pris�o. Enquanto o marido saqueava o Estado, torrou R$ 6,5 milh�es em joias, segundo a senten�a do juiz Marcelo Bretas.
Ao mandar a senhora para casa, Gilmar evocou a "prote��o � maternidade" e a "dignidade da pessoa humana". Ele acrescentou que "a condi��o financeira privilegiada da paciente n�o pode ser usada em seu desfavor". O pa�s tem 37 mil mulheres presas. A maioria passar� o Natal longe dos filhos e sem a op��o de encomendar a ceia ao Antiquarius.
O governador do Paran� tamb�m n�o pode se queixar do bom velhinho. Ele foi acusado de receber dinheiro sujo de um esquema de fraudes no fisco estadual. O caso corria no Superior Tribunal de Justi�a, mas Gilmar decidiu intervir a seu favor.
Para o supremo ministro, Richa foi alvo de uma "dela��o pouco confi�vel" e n�o havia "justa causa" para investig�-lo. O tucano ainda responde a inqu�rito na Lava Jato, sob suspeita de receber propinas da Odebrecht. A esta altura, j� deve ter pendurado mais um sapatinho na janela.
Outros quatro pol�ticos ter�o uma noite feliz gra�as a Gilmar. Nesta segunda, ele deu o voto decisivo para arquivar den�ncias contra o senador Benedito de Lira e os deputados Arthur Lira, Dudu da Fonte e Jos� Guimar�es. Todos eram acusados de corrup��o. Agora v�o comer castanhas sem se preocupar com a Justi�a.
Faltam seis dias para o Natal. Se os delatados organizarem a fila direitinho, o Papai Noel do Supremo ainda pode descer da chamin� com um saco cheio de habeas corpus. Ho, ho, ho.
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