� empres�rio, diretor-presidente da CSN, presidente do conselho de administra��o e 1� vice-presidente da Fiesp. Escreve �s ter�as, a
cada duas semanas.
O Brasil est� doente e precisa de est�mulos e cuidados especiais
Karime Xavier/Folhapress | ||
Ilan Goldfajn, presidente do BC, que indicou redu��o no ritmo do corte dos juros |
Tirando os dias terr�veis da hiperinfla��o do fim dos anos 1980, este � seguramente o pior momento da economia brasileira em muitas gera��es.
A crise foi mais grave na d�cada de 1980 porque existia, ent�o, um fator hoje ausente, a crise cambial, que obrigava o pa�s a andar de pires na m�o em busca de recursos para saldar seus compromissos em d�lar.
Isso estabelecia uma total depend�ncia dos credores internacionais, que determinavam por meio do Fundo Monet�rio Internacional, em detalhes, a pol�tica econ�mica a ser seguida internamente.
Se houvesse, por�m, um indicador de tristeza econ�mica, dificilmente o n�vel atual seria superado por qualquer outro. O pa�s passou 11 trimestres seguidos em recess�o, cresceu m�sero 1% nos primeiros tr�s meses deste ano, mas o PIB deve voltar a ser negativo no atual trimestre.
Mais de 14 milh�es est�o desempregados e, considerado o PIB per capita, os brasileiros est�o em m�dia hoje 10% mais pobres do que no in�cio da recess�o, no segundo trimestre de 2014.
O governo eleito e empossado em janeiro de 2015 foi retirado do poder pelo Congresso, acusado de fraudar a contabilidade p�blica. O atual est� de m�os atadas por causa da crise pol�tica, e mesmo algumas de suas pol�micas iniciativas ortodoxas, que poderiam trazer pelo menos alguma expectativa otimista em raz�o de avalia��es favor�veis do mercado financeiro, est�o travadas pela crise pol�tica.
Enquanto isso, a ind�stria se bate para sair do fundo do po�o, o setor de servi�os, o maior da economia, n�o reage, e a agricultura, ufa, salva a p�tria com uma expans�o de 13,4% no primeiro trimestre.
Diante desse quadro, o que fazer? Sentar na sarjeta e chorar? Claro que n�o.
Mais do que nunca, � preciso evitar que os rumos da economia no curto prazo sejam conduzidos por adeptos do sangue-frio econ�mico, que pregam a efetiva��o de mais medidas recessivas sem d� nem piedade.
A reonera��o da folha de pagamentos das empresas, por exemplo, j� determinada por medida provis�ria, est� para ser aprovada no Congresso. Essa medida �, no m�nimo, insana neste momento.
Mesmo quem a apoia, sob o argumento de que haver� gera��o de receitas adicionais para o governo, deveria ter o bom senso de observar que seu impacto ser� negativo pelo volume de demiss�es que vai provocar nos v�rios setores reonerados.
A economia deprimida nem de longe tem meios para absorver o enorme contingente de pessoas que perder�o seus empregos por causa dessa reonera��o. Um estudo feito pela Fiesp, apresentado na semana passada na comiss�o mista que examina o assunto no Congresso, mostra que em apenas 7 setores reonerados ser�o cortados cerca de 77 mil empregos. No setor de call centers, a perda prevista � de 120 mil vagas.
Parece meridianamente �bvio que essa medida, ainda que houvesse unanimidade sobre a sua necessidade, teria de ser efetivada em um momento prop�cio, de avan�o econ�mico.
� insano tamb�m o Banco Central passar a sinalizar que vai conter o ritmo de corte da taxa b�sica de juros num momento em que a infla��o anual desaba e se aproxima de 3%, enquanto os �ndices mensais come�am a flertar com a defla��o.
A pol�tica do "sangue-frio", pela qual se deve resolver primeiro a quest�o fiscal, sejam quais forem as consequ�ncias na �rea social, � desastrosa. O Brasil est� econ�mica e politicamente doente e precisa de est�mulos e cuidados especiais. N�o se bate em doente.
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