� empres�rio, diretor-presidente da CSN, presidente do conselho de administra��o e 1� vice-presidente da Fiesp. Escreve �s ter�as, a
cada duas semanas.
Bra�os cruzados
A economia vai muito mal, est� em recess�o, os juros batem na lua, o cr�dito � escasso e caro, a infla��o � elevada e o desemprego aumenta. O desentendimento pol�tico complica a situa��o, porque impede a aprova��o de medidas necess�rias para recolocar a economia no rumo.
O mundo tamb�m n�o vai bem. A nova crise da Gr�cia desestabiliza a Europa, e a perda de ritmo da China preocupa muito.
Apesar disso tudo, n�o esperem de um empres�rio nacional que ele entregue os pontos. Ningu�m vai me convencer de que n�o � poss�vel trabalhar desde j� pela volta do entendimento e do crescimento econ�mico.
Quem disse que � preciso esperar o fim do ajuste fiscal ou a conclus�o da Opera��o Lava Jato para come�ar a pensar em retomada da economia? Essa in�rcia embute conformismo –� inaceit�vel.
� poss�vel fazer corre��es imediatas ou adotar medidas para estimular a economia. No in�cio do m�s, por exemplo, o governo baixou uma medida para abrandar o ritmo das demiss�es de trabalhadores. A medida permite que empresas reduzam a jornada de trabalho em at� 30%, com redu��o de sal�rio. Metade dessa redu��o (15%) ser� bancada por recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador.
O governo n�o tinha apoio t�o amplo para uma medida havia muito tempo. Para as empresas, ser� uma oportunidade de manter seus empregados, mesmo com a redu��o de demanda, arcando com custos menores. Para os trabalhadores, o benef�cio ser� a continuidade do emprego, ainda que tenham de aceitar uma redu��o tempor�ria de remunera��o.
Para o governo, n�o haver� perda de receita, porque os gastos com os 15% ser�o menores do que teria com pagamento do seguro-desemprego caso os trabalhadores fossem demitidos. � poss�vel at� que o governo tenha um ganho fiscal nessa opera��o. Ao manter os empregos, mant�m-se tamb�m todos os recolhimentos da Previd�ncia, Imposto de Renda e demais encargos, que seriam interrompidos em caso de demiss�o.
Se o consumo interno est� em baixa, � poss�vel trabalhar para manter a taxa de c�mbio no lugar correto e tomar outras medidas para estimular e desburocratizar as exporta��es –os empres�rios tamb�m t�m a obriga��o de buscar demanda nos mercados externos.
Acelerar as concess�es na infraestrutura � poss�vel, apesar das incertezas. E n�o � pecado pensar em estimular o consumo em setores muito machucados pela queda de demanda.
Tem ainda o sempre presente problema dos juros. Se as previs�es do mercado se confirmarem, haver� amanh� um novo aumento da taxa b�sica de juros, para 14% ao ano. Com essa taxa, � dif�cil alcan�ar o equil�brio nas contas do governo, que gasta mais de R$ 400 bilh�es com juros da d�vida a cada 12 meses, valor equivalente a 7% do PIB.
Em resumo, � poss�vel reduzir juros, estimular consumo, ajustar a taxa de c�mbio sem provocar infla��o para dar oxig�nio �s exporta��es, antecipar concess�es e tomar medidas inteligentes para evitar o aumento do desemprego, como aquela do in�cio do m�s. S� n�o � admiss�vel ficar de bra�os cruzados e achar que a in�rcia e o conformismo poder�o levar o pa�s a retomar o crescimento econ�mico.
Para reagir, o Brasil precisa mais do que nunca de trabalho e intelig�ncia. � no pa�s que todos devemos pensar num momento dif�cil como este. N�o em fac��es, n�o em poder, n�o em interesses pessoais ou setoriais.
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