� empres�rio, diretor-presidente da CSN, presidente do conselho de administra��o e 1� vice-presidente da Fiesp. Escreve �s ter�as, a
cada duas semanas.
Incertezas
Al�m do abomin�vel massacre de Paris, o ano novo come�ou com velhas incertezas na economia. A crise da Gr�cia, que j� recebeu socorro de � 240 bilh�es Uni�o Europeia e do FMI, volta a assustar o mercado mundial.
Desta vez, h� possibilidade concreta de a Gr�cia deixar a zona do euro. A imprensa alem� diz que o governo de Angela Merkel mudou de opini�o e agora acha que a Uni�o Europeia � capaz de administrar a sa�da da Gr�cia. No in�cio da crise, seis anos atr�s, isso seria uma cat�strofe, porque Portugal, Irlanda e Espanha acabariam sendo atingidos pela desconfian�a. Hoje, esse desdobramento parece menos prov�vel.
Se a esquerda grega ganhar as elei��es do dia 25 –est� � frente nas pesquisas–, a probabilidade da sa�da subir� muito. A velha dracma poder� voltar a ser a moeda da Gr�cia, certamente muito desvalorizada.
Nos EUA, o clima de janeiro � diferente. O pa�s criou cerca de 3 milh�es de empregos no ano passado. Foi o maior n�mero desde 1999, o que indica claramente a supera��o da crise de 2008.
A economia americana opera quase a pleno emprego e aproxima-se o dia em que o Fed (banco central) vai come�ar a elevar os juros, hoje pr�ximos de zero. Paira sobre os EUA a forte queda dos pre�os do petr�leo, que agrada aos consumidores, mas pode afetar a pujante ind�stria de �leo de xisto americana e tamb�m criar problemas geopol�ticos pelo enfraquecimento das economias de pa�ses produtores.
A recupera��o americana � a melhor not�cia do momento. Em 2014, os EUA voltaram a ser os maiores compradores de manufaturados brasileiros, num total da US$ 13,7 bilh�es, ocupando o lugar em que esteve a Argentina nos �ltimos cinco anos. Esse n�vel, por�m, ainda est� distante daquele de antes da crise –US$ 16,3 bilh�es em 2008.
Ser� que os EUA podem puxar para cima a economia do resto do mundo? Depende da China. Se o pa�s asi�tico continuar desaquecendo, provavelmente a resposta ser� n�o. Informa��o n�o oficial diz que a China acelerou 300 projetos de infraestrutura no valor de US$ 1,1 trilh�o, um fato novo capaz de ajudar na recupera��o global.
Entre as incertezas de janeiro, h� ainda recess�es e estagna��es em pa�ses da Europa, na Am�rica Latina, no Jap�o, na R�ssia e em v�rias outras na��es ricas e emergentes. Ou seja, o Brasil n�o est� sozinho com seu baixo crescimento e desequil�brio fiscal.
Tomou posse o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, com discurso de austeridade, apoiado de norte a sul, de leste a oeste. O governo realmente precisa de mais disciplina nos gastos p�blicos, estabilidade regulat�ria, previsibilidades, incentivo � concorr�ncia, competitividade.
Seria prudente, por�m, ir um pouco mais devagar com o andor da ortodoxia quando se trata da promo��o do crescimento. O governo n�o pode jamais abdicar de seu papel de indutor do desenvolvimento, por meio de a��es espec�ficas –pol�tica industrial, por exemplo– em �reas estrat�gicas, de pesquisa e desenvolvimento, novas tecnologias, infraestrutura, energias alternativas etc.
H� dias, o professor Zhang Jun, da Universidade Fudan, de Xangai, escreveu um artigo no qual sustenta que o segredo do crescimento chin�s continuado � a "capacidade de recupera��o". Nos �ltimos 35 anos, a China sofreu in�meras crises internas e choques externos, mas manteve uma m�dia anual de crescimento em 9,7%. Algo semelhante ocorreu em v�rias na��es que mudaram seu status de baixa renda para alta renda, como Coreia do Sul e Taiwan.
Crises e problemas econ�micos, portanto, s�o inevit�veis na hist�ria das na��es, por erros internos na condu��o da economia, por impactos de crises externas ou pelas duas coisas juntas. Importante � ter poder de recupera��o quando os problemas se instalam.
O processo competitivo global exige das economias, assim como das empresas, uma reinven��o permanente. Al�m de cuidar da sobreviv�ncia de setores b�sicos e estrat�gicos, sem os quais um pa�s n�o se sustenta, cabe ao governo zelar pela capacidade de recupera��o da economia, reorientar investimentos, cultivar voca��es setoriais, estimular setores din�micos, lutar pelo crescimento. Coisas que o mercado, sozinho, n�o faz. Ignorar olimpicamente a derrocada da ind�stria, por exemplo, � flertar com o desastre.
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