Ex-ministro da Fazenda (governos Costa e Silva e M�dici), � economista e ex-deputado federal. Professor catedr�tico na Universidade
de S�o Paulo.
Escreve �s quartas-feiras.
Realpolitik
Para julgar de forma mais objetiva a proposta de ajuste fiscal feita pelo presidente interino, Michel Temer, e que, gra�as a um h�bil parlamentarismo de ocasi�o, parece ter boa probabilidade de ser aprovada pelo Congresso Nacional, � preciso compar�-la com o que aconteceria sem a mudan�a.
Aonde nos levaria, por absoluta falta de apoio pol�tico, continuar "empurrando com a barriga" o desajuste fiscal estrutural em que fomos metidos no processo eleitoral desde o segundo trimestre de 2014? Provavelmente ao caos.
Boa parte das cr�ticas ao governo interino reflete a diferen�a ideol�gica que dificulta a disposi��o de entender a sua necessidade.
A grande vantagem � que o novo programa deixa de lado as medidas "pontuais", cada vez mais dif�ceis de aprovar, por uma ideia geral, "o controle do gasto p�blico", por um teto nominal feito em comunh�o com o Congresso, na aprova��o do or�amento anual. Se aprovado, reduzir� a taxa de juro real, que se somar� ao efeito do corte que imp�e o aumento do gasto real do governo, da ordem de 6% ao ano.
Um efeito importante, ainda que n�o mensur�vel, � o evidente ganho de reputa��o da equipe econ�mica, de um governo menos chegado ao pensamento m�gico que recusa as restri��es f�sicas e acredita que, com suficiente "vontade pol�tica", 2+2 pode ser igual a 6. Ele sabe que, com recursos limitados, "ambos" n�o � resposta "para qual"?
Uma pequena radicaliza��o pode expor o fulcro do problema nacional. De acordo com o IBGE, o rendimento m�dio real dos que trabalham no Distrito Federal (basicamente os funcion�rios p�blicos que controlam o poder nacional), onde se costuma criar a burocracia que atrasa o desenvolvimento, � 90% maior do que a m�dia da renda real do brasileiro; 40% maior do que a dos de S�o Paulo, onde se produz 32% do PIB do pa�s e 250% maior do que a de um habitante do Maranh�o. O que explica isso? Ser� o efeito do g�s emitido pelo lago de Bras�lia, uma esp�cie de "flog�stico" que energiza o aumento da produtividade? Ou uma compensa��o pelo desconforto de ter que viver numa sociedade sem esquinas?
Como justificar o aumento do funcionalismo aprovado na noite de 2/6, quando o trabalhador do setor privado enfrenta o desemprego e a redu��o salarial? Ningu�m se conformar� com o argumento de que "ele j� estava no or�amento". Sim, num or�amento com um d�ficit de 2,5% do PIB! Talvez a rela��o custo/benef�cio n�o tenha sido bem calculada, mas a sua troca pol�tica pela aprova��o da DRU era essencial. Foi um passo custoso, mas decisivo para a execu��o do programa geral.
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