Maria chegou a receber 90 mensagens de ódio por hora em sua conta do Facebook, incluindo ameaças de morte e estupro. Foi multada, presa, seu site Rappler foi estrangulado, mas ela resiste.
Nesta sexta (8), a filipina ganhou o Prêmio Nobel da Paz, ao lado do russo Dmitri, que manteve a linha independente de seu jornal mesmo sob violência —seis jornalistas mortos desde a fundação da Novaja Gazeta, em 1993.
Maria já ganhou várias láureas, e vê nisso uma má notícia: “Mostra uma batalha concreta, com custos reais e perigo para a democracia”, disse em 2019 , quando foi escolhida uma das pessoas do ano pela Time.
Com ela naquela homenagem estavam o saudita Jamal, assassinado pelo governo saudita, os repórteres Wa e Kyaw, , presos em Mianmar ao reportar o massacre da minoria rohingya, e o jornal americano Capital Gazette, vítima de um ataque deixou cinco mortos. E Patrícia , repórter desta Folha, também ameaçada e insultada por incomodar o governo Bolsonaro ao fazer seu trabalho.
Hoje, ao lado de Maria e Dmitri, estão todos esses e mais Katerina, condenada e presa por desmentir versão do regime sobre a morte de um manifestante em Minsk. E seus colegas do Tut.by, principal site independente da Belarus, banido pelo ditador Aleksandr Lukachenko e ressuscitado por eles apesar dos riscos.
Está o húngaro Szabolcs, demitido por recusar interferências no Index.hu, está o afegão Ali e seus colegas atacados após a tomada de poder pelo Talibã, os gaúchos Paulo e Alex e outros 189 brasileiros vítimas de violência pelo que reportam.
Maria e Dmitri “representam todos os jornalistas que defendem esse ideal em um mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas”, afirmou o comitê .
É uma luta ainda longe do fim, que precisa de todas as Patrícias, Rogérios, Rubens, Marias e Joões com que pudermos contar. Porque, como já disse a premiada de hoje, quem não chama a atenção para as tentativas de intimidação é parte do problema.
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