Os rebanhos bovino e ovino devem ser reduzidos dramaticamente para ajudar o planeta a combater um de seus maiores desafios, o inconteste aquecimento global.
Essa determinação foi publicada nos últimos dias no Reino Unido pelo CCC, o Committee on Climate Change (Comitê sobre Mudanças Climáticas), um órgão público independente que aconselha o governo britânico em todos os assuntos relacionados ao aquecimento da Terra.
O CCC sugeriu reduzir pelo menos pela metade os rebanhos do Reino Unido.
Como se sabe, as ovelhas e os bois são grandes produtores de metano, um dos gases que mais ajudam a aquecer o planeta.
Para diminuir essa produção de gases, a única saída seria mesmo reduzir o número desses animais, segundo os especialistas do CCC. E isso não só no Reino Unido, mas no mundo todo.
No caso britânico, o órgão pretendia sugerir um redução ainda mais significativa no número de cabeças de gado e de ovelhas, provavelmente em linha com as recomendações do Serviço Nacional de Saúde (NHS).
O NHS, o grande e maravilhoso sistema público e gratuito de saúde do Reino Unido, defende que as pessoas cortem em até 89% o consumo de carne vermelha para ter uma vida mais saudável.
O CCC pretendia, portanto, recomendar quase a eliminação completa dos rebanhos do país.
No entanto, o órgão recuou para evitar um confronto de grandes proporções com o National Farm Union (NFU), o lobby que representa os fazendeiros britânicos.
O NFU, conservador como vários de seus congêneres em partes menos desenvolvidas do mundo, simplesmente não concorda com nenhuma redução –o que não chega a ser nenhuma surpresa.
Os determinados ambientalistas britânicos, por outro lado, acham que a proposta final é muito tímida e já avisaram que vão pressionar por cortes mais profundos.
Apesar da polêmica, a posição do comitê parece até bem razoável.
Além de ajudar a salvar o planeta, o corte nos rebanhos forçaria os britânicos a adotar uma dieta mais saudável.
O CCC argumenta que as pessoas poderão consumir mais carne de porco, de peixe e de aves, que são muito mais saudáveis e não produzem gases do efeito estufa.
Eles também dizem, com grande ênfase, que as terras hoje usadas para a produção de gado e ovelhas deveriam ser destinadas para a plantação de novas florestas no país.
O governo ainda não decidiu se atenderá às sugestões, mas o debate tem mostrado claramente os problemas ambientais criados pelos grandes rebanhos.
É uma pena que em várias outras partes do mundo continue acontecendo exatamente o contrário: um aumento do desmatamento de florestas para abrir espaço, entre outras coisas, para a criação de mais cabeças de gado.
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