Num tuíte, o diretor de cinema André Barcinski pode ter matado a charada: "A verdade é que, desde a candidatura de Carlos Imperial pelo Partido Tancredista Nacional, os cariocas não têm em quem votar".
Era um candidato que não escondia a matéria insólita da qual era feito. Até porque seria difícil para ele se passar por homem temente a Deus ou respeitador da moral e dos bons costumes. Orgulhava-se de ser como era: "Neto do barão de Itapemirim, que servia à corte imperial, minha família adotou esse nome. Não uso pseudônimo e posso, com 1,82 m de altura e mais de 100 kg de peso, ser visto a olho nu, sem o auxílio de microscópio".
Adorava exibir a pança peluda. No auge da popularidade, nos anos 60 e 70, tirou dezenas de fotos sem camisa ao lado das "lebres", como se referia às mulheres, muitas ainda adolescentes, contratadas para seu séquito. Usava cabelos longos, dos quais caía uma cascata de caspa --como eu, garoto, pude comprovar uma vez nas arquibancadas do Maracanã. Vestia camisa de crochê alvinegra, com estrela solitária no peito.
Mistura de ator e diretor de pornochanchada, produtor musical (impulsionou as carreiras de Roberto Carlos, Tim Maia, Elis Regina, Clara Nunes), apresentador de TV, compositor de alguns sucessos ("Vem Quente Que Eu Estou Fervendo", "A Praça"), Carlos Imperial (1935-1992) intitulava-se o "rei da pilantragem". Mas não a ponto, desconfio, de promover a carreira política, tampouco a de cantor gospel, do atual governador do Rio, Cláudio Castro.
Virou o vereador mais votado do Rio de Janeiro em 1982. Em 1985 --época em que as eleições não sofriam a interferência da Justiça como hoje--, lançou a campanha para prefeito no tal Partido Tancredista. Seu slogan: "Vai dar zebra". Perdeu para Saturnino Braga, do PDT brizolista, que conseguiu, como outros depois dele, falir a cidade.
Desde então só dá zebra.
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