Apesar do Crivella, o Carnaval carioca vai muito bem, obrigado. Aos 80 anos, o incansável João Roberto Kelly já tem o refrão da marchinha pronto: “Eu quero é confundir/ Vou brincar na zona norte, zona oeste, zona sul/ Vou sair de sunga rosa/ Minha mulher, de biquíni azul”. E nas ruas da Saara, a região de comércio popular, a máscara do Mourão está com tanta saída quanto a do Bolsonaro. Os camelôs, contudo, continuam apostando que, até março, a da Damares será campeã de vendas.
No último fim de semana, além do Afoxé Filhas de Gandhi, que desfilou em homenagem aos festejos de Iemanjá, os foliões mais ansiosos tiveram pelo menos 15 blocos à disposição, entre os quais o Tropeça Mas Não Cai, o Xodó da Piedade e a Banda da Conceição (esta se concentrando em torno do histórico largo da Prainha, no bairro da Saúde).
Oficialmente serão 473 blocos. Os desfiles encolheram de 636 para 596 (bem menos que São Paulo, que terá 737 apresentações de 624 blocos). Mesmo assim, a previsão é de rua cheia. Em 2018, segundo a Riotur, a cidade recebeu 1,5 milhão de visitantes, número que deverá aumentar neste ano.
Com a torneira da prefeitura fechada, a turma está se valendo de formas alternativas para levantar grana: além da venda de camisetas e das vaquinhas online, a novidade são os ensaios com cobrança de ingresso, como fazem as escolas de samba.
À falta do poder municipal —que se recusa a tratar o Carnaval com a atenção que ele merece—, coletivos de blocos se organizam para garantir a civilidade da festa. Uma campanha lembra a importância de preservar o patrimônio tombado (o Paço Imperial e a Antiga Sé, por exemplo) que fica no caminho dos desfiles. Xô, mijão!
Ah, sim. O pessoal está garantindo que seguirá religiosamente o conselho do prefeito: não beber uma gota de álcool nos três dias de folia. Será inesquecível.
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