A vida do Pezão não é mole. Se não bastasse ter de engolir a intervenção militar goela abaixo, o Minist��rio Público pediu à Justiça na semana passada que o governador seja afastado do cargo, tendo os direitos políticos suspensos por oito anos. A justificativa é que, em 2016, Pezão —cujo mandato, anteriormente, já havia sido cassado pelo TRE— não teria investido na área de saúde os 12% do Orçamento, que são previstos por lei. A redução chegou a R$ 574 milhões.
Mas nem tudo são calos. O governo do Rio tem seus momentos mágicos, que passam quase despercebidos, e é preciso lhe fazer justiça da mesma maneira. Por exemplo: empinar pipa agora é patrimônio cultural, histórico e imaterial. De autoria do deputado Paulo Ramos (sem partido), a Lei 7.870/18 foi sancionada no dia 2 de março por Pezão.
E eu que pensava que a pipa (ou papagaio, pandorga, arraia, morcego, dependendo da região do país) tinha sumido dos céus cariocas. Mas me garantem que, nos subúrbios e na Baixada Fluminense, a brincadeira resiste, nem sempre praticada por crianças, e sim por adultos.
No aterro do Flamengo, é raro encontrar um garoto tentando a difícil arte do “dibique”: puxar e soltar a linha da pipa em movimentos regulares —direita e esquerda ou peito e barriga— de modo a fazê-la se movimentar de um lado para o outro ou de cima para baixo. Já fui bom nisso.
Depois da pipa, espera-se que o governador não abandone agenda tão positiva para a sociedade e estenda a glória patrimonial ao jogo de gude (bola ou búrica?), pião, botão, rolimã, linha de passe com gol no portão da garagem, altinho na praia, amarelinha, garrafão, queimado, pular corda, pique-pega, pique-esconde e a politicamente incorreta carniça. Desta última, lembro com saudade da modalidade cemitério-pegou-fogo, que traduz a situação atual. O último é mulher do padre.
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