Quase 2.000 espécies de vaga-lumes voam, rastejam e brilham ao redor do planeta. Alguns desses insetos vão bem, mas outros, nem tanto.
Uma pesquisa com 49 especialistas mundiais em vaga-lumes, publicada na segunda (3) na revista científica BioScience, identificou as ameaças mais graves a esses animais e constatou que perda de habitat é um problema em quase todas as regiões estudadas.
Entre as outras ameaças estão a luz artificial, que perturba os rituais de acasalamento desses animais, os pesticidas, que podem prejudicar os insetos ou suas presas invertebradas, e a poluição da água, para as espécies que têm uma fase aquática.
O relatório não é um censo da população mundial de vaga-lumes, mas a primeira vez que são reunidas informações sobre as ameaças mais importantes para esses bichos em diferentes partes do mundo, segundo Sara M. Lewis, bióloga na Universidade Tufts e autora do estudo.
“Na última década ou mais, as pessoas têm relatado que não veem mais vaga-lumes onde costumavam ver”, afirma. Existem bons dados de censo para algumas espécies, como os vaga-lumes síncronos da Malásia e as larvas de fêmeas da Europa, e sabe-se que essas populações estão, de fato, em declínio, diz a bióloga.
Em outros lugares, contudo, a literatura sobre vaga-lumes permanece obscura, e a comunidade de pesquisadores é relativamente pequena, de acordo com Lewis.
O estudo foi “quase tão bom quanto” voltar no tempo para contar populações, segundo o entomologista Marc Branham, da Universidade da Flórida. Ele soube de muitos casos de vaga-lumes desaparecidos.
“Nós praticamente tomamos como certo que os vaga-lumes estarão aqui para sempre”, afirma o naturalista Ben Pfeiffer, fundador da organização sem fins lucrativos Firefly Conservation & Research e um dos especialistas em vaga-lumes pesquisados. “E estamos terrivelmente errados.”
Em 2018, a União Internacional para a Conservação da Natureza criou o Firefly Specialist Group, copresidido por Lewis, para determinar se certas espécies desses insetos devem ser listadas como ameaçadas ou em perigo. “Isso é algo que nunca vimos acontecer com uma espécie de vaga-lume”, diz Christopher Cratsley, biólogo da Universidade Estadual de Fitchburg.
A pesquisa representa um primeiro passo nesse processo, de acordo com Lewis.
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