Brasil aumenta produ��o cient�fica, mas impacto dos trabalhos diminui
Hayd�e Vieira/CCS/CAPES | ||
A Capes � uma das principais ag�ncias de fomento � ci�ncia brasileira |
Nas �ltimas duas d�cadas, a produ��o cient�fica brasileira cresceu de forma expressiva. Em 1998, nossos cientistas publicaram 11.839 artigos, n�mero que colocava o pa�s em 20� lugar no ranking dos que mais publicam. Quase vinte anos depois, com uma produ��o anual sete vezes maior, saltamos para 13�.
A relev�ncia dos artigos nacionais, entretanto, n�o acompanhou essa marcha triunfal. Quando se usa como crit�rio o n�mero de vezes que cada estudo foi citado por outros cientistas, ou seja, seu impacto, o pa�s perdeu terreno ao longo desse per�odo e fica atr�s de vizinhos como Argentina, Chile e Col�mbia.
O levantamento, feito pelo bi�logo da Unb (Universidade de Bras�lia) Marcelo Hermes-Lima a partir da base de dados aberta Scimago, mostra que o salto da produ��o brasileira veio acompanhado de uma diminui��o de seu impacto internacional –ou de sua qualidade, na interpreta��o de Lima.
Impacto da produ��o cient�fica brasileira - N�mero de artigos cient�ficos do Brasil
"A melhor forma de analisar a qualidade de um conjunto grande de artigos � por meio das suas cita��es", diz.
A classifica��o anual da base de dados utilizada por Lima computa as cita��es que cada artigo publicado em determinado ano recebeu –independentemente de quando a men��o tenha sido feita. Em outras palavras, um trabalho publicado em 2007 ter� tido mais tempo para ser citado do que um publicado em 2012.
Devido a isso, os n�meros das cita��es por artigo de cada pa�s v�o diminuindo � medida que se avan�a em dire��o ao presente. A melhor forma de avaliar o impacto da produ��o de um pa�s ao longo dos anos, segundo Lima, � descobrir qu�o perto ou longe ele est� do 1� lugar em termos de cita��es por artigo.
Impacto da produ��o cient�fica brasileira - Cita��es por artigo em compara��o com o 1� lugar
Nessa compara��o, nossa pesquisa ainda patina. Num exemplo, os trabalhos brasileiros publicados em 2006 foram citados, em m�dia, 15,42 vezes. J� os da Su��a, o 1� lugar, tiveram, em m�dia, 34,07 men��es, ou 2,2 vezes o n�mero nacional.
INTERPRETA��O
Para Lima, a explica��o para o aumento de publica��es com redu��o do impacto, que se acentuou a partir de 2005, � a pol�tica exercida pela Capes, principal ag�ncia de fomento � ci�ncia do pa�s, durante as gest�es petistas.
"Havia muito dinheiro e muita press�o para publicar. Expandiu-se enormemente a quantidade de cursos de p�s-gradua��es e se exigiu dos estudantes que publicassem artigos para poderem defender seus doutorados. Vendia-se a ideia de que ir�amos nos tornar uma pot�ncia cient�fica", diz o pesquisador da UnB.
A cobran�a e a pressa por resultados, segundo Lima, inviabilizaram a produ��o de trabalhos trazendo descobertas relevantes. "Viramos uma farra de publica��o", afirma. Outro consequ�ncia dessa pol�tica, de acordo com ele, foi o fen�meno conhecido como "ci�ncia salame", em que trabalhos maiores s�o "fatiados" em artigos de menor impacto.
Rog�rio Meneghini, professor aposentado da USP e coordenador da base Scielo, reconhece que a press�o do governo federal teve um papel no r�pido crescimento da produ��o brasileira, mas considera tamb�m outros fatores para explicar o fen�meno.
Segundo ele, um ponto importante foi o aumento, ocorrido em 2005 e em 2006, do n�mero de peri�dicos brasileiros nas bases de dados internacionais.
Desconhecidos, esses peri�dicos precisariam de um tempo para que os artigos veiculados neles come�assem a ser citados com mais frequ�ncia.
De acordo com Meneghini, era natural que uma consequ�ncia disso fosse uma queda no n�mero de cita��es por artigo no total da produ��o brasileira.
Segundo o coordenador da base Scielo, embora a cita��o por artigo seja um crit�rio importante para avaliar a qualidade das publica��es, ele n�o � o �nico. Da� n�o ser poss�vel afirmar, apenas por ele, que a qualidade dos artigos tenha ca�do.
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