Al�m do chimarr�o, erva-mate pode servir at� para combater mal�ria
Tiago P�dua/Flickr | ||
O mate poderia tamb�m reduzir colesterol e servir de larvicida |
Foi observando o chimarr�o de cada dia que o pesquisador ga�cho Eloir Schenkel, na d�cada de 1980, pensou que poderia haver algo mais na erva que fervia na cuia.
"Bah, o que � essa espuma da erva-mate? Ser� que n�o � saponina?", disse, segundo lembra a doutora em farm�cia Grace Gosmann, ent�o sua colega de pesquisa.
Ali, se descobriu que a erva t�pica do Sul do Brasil tinha um composto qu�mico conhecido por suas propriedades detergentes, usado em produtos de limpeza e ra��es para animais.
Essa � apenas uma das possibilidades estudadas por pesquisadores brasileiros para a erva-mate –que pode servir de mat�ria-prima para um sem-n�mero de produtos, como medicamentos, larvicidas, relaxantes e cosm�ticos.
"� muito apaixonante pensar que uma mesma planta produz tantos compostos", comenta Grace, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e que pesquisa o tema h� 30 anos.
Desde o primeiro estudo, descobriu-se que o mate pode combater a mal�ria, reduzir colesterol, atuar como larvicida e ter res�duos aproveitados na produ��o de fertilizantes.
Al�m disso, como alimento, pode ter o teor de cafe�na alterado com a��es de manejo –e ser vendido de energ�tico a bebida descafeinada, tudo com t�cnicas naturais.
"� um potencial gigante que temos para come�ar a produzir patentes, e parar de vender s� folha", diz o pesquisador Ivar Wendling, da Embrapa Florestas.
Na semana passada, o �rg�o promoveu um semin�rio da erva-mate em Curitiba. Na plateia, cerca de 300 produtores e pesquisadores, munidos de cuia e garrafa t�rmica, ouviam as �ltimas enquanto bebericavam o mate.
A maior parte dos produtores � de agricultores familiares, espalhados pela regi�o Sul. S�o cerca de 180 mil fam�lias, a maioria no Rio Grande do Sul e Paran�.
A produ��o brasileira � a maior do mundo: atinge quase um milh�o de toneladas ao ano. Mas, no pa�s, a maioria da erva –96%– � usada no chimarr�o. Os outros 4% ficam para os ch�s.
"A gente sempre fez a mesma coisa", critica Wendling.
Ele e outros defendem que o polivalente mate sirva de base para produtos naturais, com apelo de mercado principalmente nos EUA e na Europa –que j� possui dezenas de patentes de cosm�ticos e at� bebidas que usam erva-mate.
Quanto aos cosm�ticos, j� h� uma grande produ��o artesanal e Natura e Botic�rio t�m produtos com o componente em seus cat�logos.
"� um produto natural, produzido em floresta, com m�o de obra familiar. Veja o apelo social, ambiental e cultural que isso tem", afirma.
Nos corredores do evento, pesquisadores se queixavam da falta de incentivo da ind�stria –ou, quando h�, da aus�ncia de produ��o suficiente e padronizada para dar conta da demanda.
O setor de produtos de limpeza, por exemplo, tem interesse na erva. Uma lei prev� que, at� 2025, todos os produtos brasileiros tenham at� 60% de compostos industrializados. O resto deve ser natural. O uso de mate nesses produtos ainda � experimental.
A ind�stria aliment�cia tamb�m come�a a explorar as propriedades do mate. Cristiane Helm, da Embrapa Florestas e doutora em Ci�ncia de Alimentos, conduz pesquisas sobre os antioxidantes naturais da erva. A subst�ncia combate radicais livres e previne o envelhecimento.
Em determinadas variedades, um copo de ch� mate, por exemplo, pode ter at� tr�s vezes mais antioxidantes que uma ta�a de vinho, segundo Helm. J� existem "�rvores-pilotos" sendo cultivadas no Paran�. Mas falta impor padr�es � produ��o no campo.
Eventos como o da Embrapa tentam unir produtores e pesquisadores, a fim de aperfei�oar a produ��o, criar protocolos para o mate e cobrar pol�ticas p�blicas, que impulsionem o setor.
"N�o foi � toa que a Coca-Cola comprou a Mate Le�o", diz Gosmann. "� um nicho de mercado enorme."
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