Ci�ncia sem Fronteiras p�e s� 3,7% dos alunos em institui��es 'top'
Menos de 4% dos alunos que participaram do programa federal de interc�mbio Ci�ncia sem Fronteiras foram estudar nas melhores universidades do mundo.
O levantamento foi feito pela Folha na base de dados p�blica do programa federal.
Ao todo, 108.865 estudantes foram beneficiados com bolsas do Ci�ncia sem Fronteiras. Uma parte ainda est� com a bolsa vigente, mas a maioria j� voltou para o Brasil (veja infogr�fico).
A proposta do programa, conforme seu material institucional, era que os estudantes do Ci�ncia sem Fronteiras teriam treinamento "nas melhores institui��es e grupos de pesquisa dispon�veis (...) de acordo com os principais rankings internacionais." Uma dessas classifica��es � o ranking brit�nico THE.
Diego Padgurschi/Folhapress | ||
A farmac�utica Karina Mendon�a, 26, que estudou na Universidade de Toronto, no Canad� |
Mas s� 3,7% dos estudantes tiveram passagem por algumas das 25 melhores institui��es de ensino superior do mundo, como Harvard (EUA) ou Oxford (Reino Unido).
A classifica��o utilizada foi o ranking de universidades THE (Times Higher Education), lista considerada a mais importante atualmente.
POUCOS NO TOPO - Universidades de excel�ncia receberam 3,7% dos bolsistas do Ci�ncia sem Fronteiras Brasileiros recebidos nas 25 melhores institui��es</b>
De acordo com a literatura cient�fica sobre ensino superior, o primeiro quadrante dos rankings universit�rios revela as escolas "de elite".
As brit�nicas LSE (London School of Economics) e College London, que est�o no grupo das melhores do mundo, n�o receberam nenhum brasileiro do programa.
J� a Universidade Kingston, tamb�m do Reino Unido, classificada no grupo 601�-800� no ranking THE, teve 150 brasileiros (a partir da 201� posi��o, o THE agrupa as universidades).
Para se ter uma ideia, a USP, melhor brasileira no ranking, est� no grupo 201�- 250�.
O n�mero de alunos que frequentou universidades "top" pelo programa foi menor do que o de alunos enviados para Portugal –pa�s sem universidades entre as 350 melhores do mundo no THE.
A Universidade de Coimbra, com 952 alunos brasileiros, por exemplo, est� no grupo 401�-500� no ranking THE.
O "boom" da demanda por universidades de Portugal aconteceu logo no in�cio do programa. Em 2012, as escolas portuguesas chegaram a concentrar um em cada cinco bolsistas brasileiros. O pa�s acabou sendo exclu�do do programa e alguns alunos foram realocados para institui��es de l�ngua inglesa.
Estar em uma universidade de elite pode fazer a diferen�a. "Trabalhei com professores que s�o refer�ncia mundial em nutrigen�mica [ci�ncia que estuda a rela��o entre nutri��o e gen�tica]", diz a farmac�utica Karina Mendon�a, 26, da Unifesp.
Ela teve uma bolsa de um ano e meio do Ci�ncia sem Fronteiras na Universidade de Toronto (Canad�), uma das melhores do mundo. Fez seis meses de ingl�s, est�gio e um ano de disciplinas. Na escolha da institui��o, levou em considera��o sua posi��o em rankings e tamb�m a facilidade do processo de ingresso em compara��o com outros pa�ses.
Nem todos os alunos do programa, no entanto, foram para "universidades". Alguns foram para institui��es como hospitais e institutos de pesquisa, como a ag�ncia espacial norte-americana Nasa.
Para o especialista em internacionaliza��o da Unicamp Leandro Tessler, a baixa quantidade de participantes do Ci�ncia sem Fronteiras em universidades de ponta n�o � surpreendente.
"O an�ncio de que os alunos iriam para as melhores universidades do mundo mostra que o governo estava fora da realidade", diz. "A maioria dos alunos brasileiros n�o fala ingl�s."
Suspenso e sem perspectiva de receber novas verbas para continuar, o programa divide opini�es no meio acad�mico, principalmente no que diz respeito �s bolsas de gradua��o –8 em cada 10 do total disponibilizado.
Uma das cr�ticas mais comuns ao projeto � a de que est�gios no exterior poderiam trazer benef�cio real apenas durante a p�s-gradua��o.
J� a bi�loga Helena Nader, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ci�ncia) elogia o programa."Esses meninos v�o transformar a ci�ncia nacional", disse em entrevista recente � Folha. A SBPC traz, desde 2012, uma sess�o com relatos de ex-bolsistas do programa na sua reuni�o anual.
OUTRO LADO
A reportagem n�o conseguiu retorno do governo sobre o programa. O MEC orientou a Folha a falar com a Capes, uma das ag�ncias federais respons�veis pelo projeto, que informou que est� passando por um momento de transi��o. O novo presidente da ag�ncia, o soci�logo Ab�lio Afonso Baeta Neves, foi nomeado na sexta (10).
A Folha apurou que o novo governo deve priorizar as bolsas de pesquisa cient�fica nacionalmente at� que a situa��o econ�mica do pa�s se estabilize.
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