Bi�loga que prop�s c�lula 'mesti�a' morre aos 73 anos
A ci�ncia perdeu nesta semana a mulher que ajudou a mostrar como pessoas, �rvores e outros seres vivos complexos s�o criaturas h�bridas, t�o improv�veis quanto centauros ou sereias.
Trata-se da bi�loga americana Lynn Margulis, da Universidade de Massachusetts em Amherst. Em comunicado oficial divulgado na quarta-feira, a universidade informa que Margulis morreu em casa, um dia antes, aos 73 anos.
Javier Pedreira/Creative Commons |
Lynn Margulis em foto durante uma confer�ncia na Espanha, em 2005; a pesquisadora faleceu na ter�a-feira (22) |
Durante toda a sua carreira cient�fica, Margulis foi a principal defensora da teoria da simbiog�nese, a ideia de que grandes transi��es da evolu��o envolveram a fus�o de dois ou mais seres vivos completamente diferentes --da� a analogia com centauros e sereias do par�grafo acima.
Parece uma maluquice, mas pistas de que isso realmente ocorreu come�aram a surgir quando cientistas verificaram que certas estruturas das c�lulas possuem DNA pr�prio, distinto do material gen�tico "principal" que a c�lula guarda em seu n�cleo.
PISTAS NO DNA
Isso foi em meados do s�culo passado, quando come�ou a ficar claro que o DNA era a mol�cula da hereditariedade, ou seja, a subst�ncia respons�vel por transmitir as caracter�sticas dos seres vivos de pais para filhos.
O DNA independente achado no interior das mitoc�ndrias (os "pulm�es" das c�lulas, respons�veis pela respira��o celular) e dos cloroplastos (estruturas das c�lulas vegetais que comandam a fotoss�ntese) sugeria uma hereditariedade � parte.
As coisas estavam nesse p� quando Margulis, nos anos 1960, prop�s que a explica��o mais prov�vel era uma fus�o simbi�tica. No passado remoto, dois micr�bios totalmente diferentes um do outro, com estrutura parecida com a das bact�rias atuais, teriam se fundido.
Arte | ||
Um deles passou a ser o que consideramos como a c�lula "principal", enquanto o outro passou a levar uma vida semi-independente dentro da c�lula maior (o que seria o caso das mitoc�ndrias e dos cloroplastos).
Dessa forma, a c�lula maior ganharia a energia produzida pelos seus novos parceiros internos, enquanto a menor ficaria mais protegida de predadores microsc�picos, por exemplo.
Hoje, poucos bi�logos discordam da ideia, porque a compara��o entre o DNA "normal" das c�lulas e o encontrado nas mitoc�ndrias e cloroplastos mostrou que, de fato, eles t�m muito pouco a ver um com o outro.
Mais importante ainda: o material gen�tico dos dois lembra muito o de certas bact�rias (no caso dos cloroplastos, com o DNA de bact�rias que fazem fotoss�ntese).
Margulis participou da elabora��o de outra ideia famosa, que tamb�m enfatiza a coopera��o entre organismos: a hip�tese Gaia, que v� a Terra como um superorganismo.
Ela foi a primeira mulher do c�lebre astr�nomo e divulgador de ci�ncia Carl Sagan (1934-1996) e m�e de dois dos filhos do pesquisador.
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