Em 2000, este rep�rter trabalhava como correspondente da Folha em Nova York e foi assistir a uma aula na Universidade Columbia de renomado professor de jornalismo cuja especialidade ele definia como "futurismo", uma tentativa acad�mica de antever tend�ncias na m�dia.
Suas apresenta��es pareciam espet�culos teatrais. Antecedido por som e luzes, ele subiu ao palco naquela manh� e anunciou: "Trago em meu bolso a m�dia do futuro, pela qual voc�s em alguns anos receber�o uma infinidade de informa��es todas as manh�s em casa!".
Sacou triunfante um CD-ROM e foi recebido por um "����" entusiasmado da plateia.
Relembro o rid�culo do professor, ao apostar como solu��o do futuro num suporte que nem existe mais, para dizer qu�o perigosas s�o as previs�es no jornalismo.
Alberto Rocha/Folhapress | ||
![]() |
||
'Andar de Cima', obra de Renata Lucas, na Casa do Povo, no Bom Retiro |
Como escreveu Otavio Frias Filho (1957-2018), diretor de Reda��o da Folha morto prematuramente em agosto, em um texto intitulado "Fact�ides", publicado em 2001:
"A realidade � o que resta das previs�es pol�ticas depois de devastadas pelo imprevisto".
Ainda assim, aqui estamos, tentando desenhar um esbo�o de 2019 na neblina do fim de 2018. Parece razo�vel supor que o pr�ximo ano ser� de esperan�a.
Espera-se que:
→ o presidente eleito, Jair Bolsonaro, aja segundo seus discursos de vit�ria e diploma��o, n�o de acordo com a ret�rica de campanha e suas declara��es extremistas do passado;
→ ele fa�a um bom governo, para os 210 milh�es de brasileiros, n�o apenas para os que o elegeram, respeitando a Constitui��o e o estado democr�tico de direito;
→ a economia volte a crescer, e o desemprego, a cair, com infla��o e os juros em n�veis civilizados;
→ uma reforma consistente da Previd�ncia seja aprovada –logo;
→ a corrup��o seja contida, mas igual energia seja despendida para enfrentar o verdadeiro mal que assola o pa�s: a incompet�ncia e a m� gest�o;
→ o mundo derrube muros, n�o construa novas barreiras –f�sicas ou virtuais;
→ o politicamente correto n�o cerceie o discurso livre; a onda conservadora n�o cale a voz das minorias;
→ a justificada preocupa��o com a seguran�a p�blica n�o atropele as liberdades individuais;
→ o mundo digital seja norteado pelas regras de bom senso;
→ o jornalismo profissional siga sendo valorizado, como mostrou campanha espont�nea de apoio a assinaturas da Folha iniciada por leitores depois de ataques do presidente eleito.
Sobretudo, findo 2019, espera-se que a esperan�a n�o tenha sido em v�o.
S�rgio D�vila, editor-executivo da Folha