Em polos opostos, Lula e Bolsonaro deram o tom em um ano marcado por incertezas

Luiz In�cio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, talvez as duas personalidades mais carism�ticas da pol�tica brasileira das �ltimas d�cadas, estiveram no foco em 2018. A presen�a e, em grande medida, tamb�m a aus�ncia deles dos holofotes definiram um ano movimentado e que desmoralizou quem se arriscou a fazer previs�es.

Lula rondou como um fantasma a elei��o, sobretudo ap�s 7 de abril, quando foi preso em S�o Bernardo do Campo. Mesmo antes, sua candidatura presidencial era, para todos os efeitos, imagin�ria.

At� a companheirada mais fiel ao ex-presidente sabia que a Justi�a Eleitoral lhe negaria o registro, ap�s a condena��o em segunda inst�ncia por corrup��o e lavagem no caso do tr�plex, ocorrida em janeiro.

De sua cela em Curitiba, Lula cumpriu o prometido no �ltimo discurso antes da pris�o e virou "uma ideia". Invis�vel ao p�blico, manifestou-se por meio de cartas e pronunciamentos de seu porta-voz, Fernando Haddad, que assumiu a candidatura presidencial petista em setembro. Teleguiou o pupilo de maneira t�o intensa que o pr�prio PT achou saud�vel manter um certo distanciamento no segundo turno.

A rejei��o � participa��o de um presidi�rio na elei��o alimentou o antipetismo latente de parte da popula��o e ajudou a alimentar o fen�meno Bolsonaro. N�o foi a �nica raz�o, obviamente, para o sucesso estrondoso do capit�o.

Em 2018, a direita definitivamente perdeu o prurido de se definir como tal, e uma coaliz�o de liberais econ�micos e conservadores culturais tomou o pa�s.

E teve a facada. O momento mais dram�tico da campanha, talvez de todas as campanhas, veio na tarde de 6 de setembro em Juiz de Fora (MG), um golpe na barriga que por pouco n�o matou Bolsonaro. Sobrevivente, ele passou praticamente todo o restante do per�odo eleitoral em camas de hospital ou na intimidade de seu condom�nio na Barra da Tijuca.

Mas, ao contr�rio do sumi�o de Lula, essa aus�ncia foi vento a favor. Protegida do contradit�rio, sua candidatura se tornou um mon�logo pelas redes sociais, replicado pelas legi�es de admiradores. Alguns no setor empresarial, como mostrou a Folha, tamb�m se empenharam em impulsionar ilegalmente mensagens anti-PT pelo WhatsApp.

Bolsonaro venceu e redefiniu a maneira de fazer campanha. Perderam espa�o os marqueteiros, o programa eleitoral de TV e as grandes coliga��es partid�rias. Na transi��o, ensaiou redefinir tamb�m a pol�tica, ignorando as lideran�as partid�rias na montagem de seu minist�rio. A partir de 1� de janeiro, mostrar� se ser� capaz de redefinir como se governa.

F�bio Zanini, editor de Poder desde 2015. Foi rep�rter de pol�tica em SP e Bras�lia, correspondente em Londres e Johannesburgo e editor de Mundo.

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