Na economia, teste de fogo do governo Bolsonaro ser� a reforma da Previd�ncia

A chave do primeiro ano de Jair Bolsonaro � a reforma da Previd�ncia. A economia, as mudan�as liberais e o prest�gio do presidente podem decolar ou descer o barranco, a depender do sucesso dessa reforma. Por qu�?

Caso tenha apoio do Congresso para mudar as regras de aposentadoria e pens�es, Bolsonaro mostrar� que: 1) d�ficit e d�vida do governo devem ser controlados; 2) tem compet�ncia pol�tica.

Se a d�vida parece mais controlada, taxas de juros caem, o d�lar fica mais est�vel, empres�rios animam-se a investir, o pre�o das estatais privatiz�veis sobe, o pa�s cresce: come�a um c�rculo virtuoso. Bolsonaro teria ent�o mais for�a para tocar o restante de seu projeto. Seu problema maior � pol�tico.

Primeiro, Bolsonaro e a maioria de seus ministros n�o t�m experi�ncia de governar e de articula��o pol�tica maior no Parlamento.

Segundo, o presidente eleito pretende adotar m�todos in�ditos de negocia��o com o Congresso, evitando acordos e barganhas com lideran�as partid�rias. O sucesso da novidade � incerto; parlamentares v�o cobrar seu pre�o.

Terceiro, o governo tem grande ambi��o reformista. Pretende mexer com aposentadorias, com carreiras e sal�rios de servidores, expor empresas a maior concorr�ncia externa, baixar e elevar v�rios impostos, privatizar empresas tradicionais etc. Tanta mudan�a profunda afeta grandes e variados interesses.

Caso tente fazer muitas reformas em prazo curto, pode criar advers�rios demais ao mesmo tempo, no Congresso e na sociedade, ainda mais porque, em �reas como seguran�a e costumes, Bolsonaro tem tamb�m planos controversos.

Quarto, o governo vai come�ar em meio a uma extensa reorganiza��o administrativa. Por exemplo, o minist�rio da Economia ser� recriado como uma fus�o de mais de tr�s pastas (Fazenda, Planejamento, Ind�stria e Com�rcio Exterior e parte do Trabalho). Leva tempo at� ajustar a nova m�quina.

Caso consiga implementar o seu programa na economia, Bolsonaro ter� feito reviravolta rara na hist�ria do Brasil. Como em qualquer mudan�a s�ria, ter� de remover interesses bem entrincheirados na ind�stria, no funcionalismo e nas estatais, interesses compartilhados por muitos parlamentares. Ter� tamb�m de promover reforma at� agora impopular, a da Previd�ncia. Enfim, como n�o vai poder baixar logo a carga tribut�ria, a conta da redu��o de impostos para empresas ter� de ser paga por algu�m, not�cia desagrad�vel.

Em suma, trata-se de quase uma revolu��o socioecon�mica a ser feita por um grupo novo no poder, com m�todos pol�ticos novos.

Vinicius Torres Freire, jornalista, foi secret�rio de Reda��o da Folha. � mestre em administra��o p�blica pela Universidade Harvard (EUA).

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