� hora de sair da bolha e procurar solu��es para os algoritmos
Stephen Lam/Reuters | ||
Mark Zuckerberg, durante confer�ncia do Facebook na Calif�rnia |
Nem os mais complexos algoritmos teriam sido capazes de prever o que foi 2016 dentro e fora do Brasil. Mas n�o resta d�vida de que eles escreveram parte do enredo, como ficou claro no final da elei��o americana.
Esses novos autores da hist�ria, que operam nas redes sociais e nos buscadores, implicam problemas s�rios para o debate p�blico, e 2017 ser� o ano de buscar solu��es.
No fundo, o que est� em quest�o � se um caminho que serve � publicidade deveria conduzir outras �reas, como o jornalismo e o debate pol�tico.
At� aqui, essa l�gica publicit�ria tem se imposto de duas maneiras.
Primeiro, encurta ao m�ximo o caminho entre oferta e demanda. Tenta oferecer a cada consumidor um pacote que lhe seja o mais agrad�vel poss�vel: an�ncios de carros para quem compartilha links de autom�veis, passagens a�reas para quem pesquisa viagens e por a� vai.
Ao fazer isso, esses algoritmos criam as famosas bolhas. Encapsuladas nelas, as pessoas passam cada vez mais a ver apenas um mundo que lhes � apetec�vel. Lindo para a publicidade, p�ssimo para o debate p�blico, que floresce no contradit�rio —algo que vale tanto para o jornalismo profissional quanto para a discuss�o pol�tica n�o mediada por ele.
H� um segundo ponto no qual a l�gica publicit�ria pesa sua m�o, ainda mais cruel. Ao remunerar a audi�ncia a qualquer custo, incentiva o surgimento de produtores de not�cias falsas, que ganham especial tra��o nas bolhas.
A responsabilidade sobre a distribui��o das informa��es � t�o importante quanto sobre sua produ��o, eis uma dolorosa descoberta de 2016. Muito do debate do ano que vem deve se concentrar nesse aspecto. Mais complexo ser� o enfrentamento ao outro ponto, o da bolha, pois exige repensar mais profundamente o modelo de neg�cio das gigantes da internet.
Diversas ferramentas que tentam identificar not�cias falsas ser�o colocados � prova. Esses testes devem dar margem a muita confus�o na grande zona cinzenta na qual opera mesmo o mais bem-intencionado e profissional jornalismo, que est� longe de ser ci�ncia exata.
De qualquer modo, a busca de solu��es seria menos complicada se a realidade ajudasse. Caso o surrealismo das not�cias continue a aumentar, n�o haver� bolha que ofere�a conforto em 2017.