A mostra Desvairar 22 toma caminho inesperado para falar do modernismo brasileiro. Em vez do colocar o foco na cidade de São Paulo e sua urbanização alucinada, os curadores acenam ao antigo Egito com seus sarcófagos, esfinges, pirâmides – e também seu axé.
A exposição, em cartaz no Sesc Pinheiros, reúne mais de 270 itens distribuídos em quatro núcleos diferentes: "Saudades do Egito", "Os Ossos do Mundo", "Meios de Transporte" e "Índios Errantes". O primeiro deles chama a atenção deste Orientalíssimo blog, ao identificar a influência do Egito no pensamento modernista brasileiro.
"A terra dos faraós e dos sacerdotes, das pirâmides e das esfinges, vem inquietando há tempos a narrativa linear da cultura dita ocidental", diz a curadoria da mostra em uma nota divulgada no site do Sesc. "A modernidade, com a invenção do turismo e da fotografia, renovou esse interesse pelo país, que agora é não só origem, mas também destino."
Segundo a Anba (Agência de Notícias Brasil Árabe), a ideia partiu da constatação dos curadores de que artistas modernistas compartilhavam de uma certa atração pelo Egito. Talvez não o Egito real, da vida cotidiana, mas aquele fantasiado por orientalistas como Dom Pedro 2º. O monarca visitou o país duas vezes, no século 19.
A mostra do Sesc incorpora fotografias do imperador brasileiro, acompanhando um sarcófago original. A exposição avança no tempo e exibe a pintura "Calmaria II", de Tarsila do Amaral, inspirada por uma viagem ao Egito em 1926. Acelerando ainda mais o relógio, Desvairar 22 inclui representações mais recentes do Egito, como uma charge de Laerte, a marchinha de Carnaval "Allah-la Ô", a faixa "Faraó" de Margareth Menezes -- e a canção do É o Tchan que diz "essa é a mistura do Brasil com o Egito / tem que ter charme pra dançar bonito".
A exposição está em cartaz até 15 de janeiro no Sesc Pinheiros (rua Paes Leme, 195), em São Paulo. O horário de visita de terça à sábado vai das 10h30 às 21h. Nos domingos e feriados, vai das 10h30 às 18h.
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