Terrivelmente seletiva
Privilégio a parlamentares evangélicos na agenda de Damares é pouco republicano
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Se parlamentar fosse, a ministra Damares Alves nada faria de errado em privilegiar sua base política na agenda oficial. Ao fazê-lo enquanto lidera a pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, compromete sua função.
No primeiro escalão do governo Jair Bolsonaro, segundo pesquisa Datafolha, Damares só perde em popularidade para Sergio Moro (Justiça) —que já era amplamente conhecido antes de chegar ao Executivo. Dos brasileiros aptos a votar, 55% dizem conhecê-la; nesse contingente, 43% consideram sua gestão ótima ou boa.
Autodenominada “terrivelmente cristã”, a ministra tem aprovação particularmente elevada, de 56%, entre evangélicos neopentecostais.
Diante de tais números, não chega exatamente a surpreender que ela privilegie esse estrato da sociedade em audiências oficiais. A escolha, entretanto, obviamente não se mostra republicana.
Levantamento da Folha revelou que a bancada parlamentar evangélica, correspondente a cerca de um terço do Congresso, abriga 63% dos deputados e senadores recebidos por Damares entre janeiro a novembro de 2019.
Ao todo, foram recepcionados 74 dos 203 congressistas da bancada, ante 42 nomes não ligados a ela.
Em contraste, não constam dos compromissos oficiais da ministra representantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Tampouco aparecem na agenda órgãos da pasta como o Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) e o MPCT (Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura).
Enquanto isso, Damares encontra tempo para promover tentativa de censura a uma publicação informativa sobre o aborto, além de ameaçar a liberdade de ensino ao estabelecer um mecanismo de denúncia em escolas do país.
Terrivelmente seletiva, a ministra faria melhor se representasse em sua agenda a diversidade temática da pasta que hoje ocupa.
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