Ucrânia fala em risco de apagões até fim do inverno e promove deslocamentos internos
Autoridades pedem economia de energia em meio a ataques da Rússia a infraestrutura do país
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A Ucrânia terá de conviver com apagões pelo menos até o final de março, quando termina o inverno no hemisfério Norte, segundo o chefe da principal fornecedora privada de eletricidade local.
Com a estação se aproximando, o país já enfrenta temperaturas mais baixas e viu neve cair pela primeira vez na semana passada, em meio a batalhas ainda intensas na guerra.
O risco ampliado de falta de energia e de gás para o aquecimento residencial em determinadas regiões —a exemplo de Kherson, recém-reconquistada pelos ucranianos depois de um recuo das forças da Rússia— fez com que Kiev passasse a oferecer deslocamentos internos.
Em seu pronunciamento noturno diário, o presidente Volodimir Zelenski voltou a dizer que metade da infraestrutura do país no setor foi destruída por ataques de Moscou, deixando milhões de pessoas sem luz, e o fornecimento de água em muitos locais depende de bombeamento que funciona com eletricidade.
Serguei Kovalenko, chefe da concessionária Yasno, afirmou que os funcionários correm para concluir obras de reparo até o começo oficial do inverno. "Mas quero que todos entendam: ucranianos vamos muito provavelmente conviver com apagões até pelo menos o fim de março", escreveu nas redes sociais.
As temperaturas em algumas regiões já caíram abaixo de zero, inclusive em Kiev. Kovalenko disse que o país deve estar preparado para todas as opções, incluindo longos cortes de luz. "Separe roupas quentes, cobertores, pense em opções que o ajudarão a passar por uma longa interrupção [de energia]."
Apagões planejados para restauração da infraestrutura energética têm ocorrido quase que diariamente no país —a estatal Ukrenergo já informou que novos blecautes ocorrerão nesta terça (22). Outras restrições à distribuição foram impostas nesta segunda e mais 950 mil pessoas ficaram sem energia. Ao todo, 10 milhões de pessoas foram impactadas.
Para mitigar os impactos, o governo passou a oferecer aos moradores de Kherson serviços gratuitos de deslocamento interno para regiões mais preservadas, onde a segurança e o aquecimento são considerados problemas menos graves. Há também a possibilidade de acomodações mediante inscrições —pessoas consideradas vulneráveis têm prioridade.
A estratégia russa de destruir a infraestrutura energética do vizinho foi intensificada após reveses nos campos de batalha e como reação a uma explosão na ponte que conecta o território russo à península da Crimeia, anexada pelo Kremlin em 2014.
Em Kherson, testemunhas relataram que as tropas russas destruíram a infraestrutura energética antes de deixar a cidade, no início do mês. Na semana passada, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que os apagões e os ataques à infraestrutura civil são consequências da negativa de Kiev em negociar.
Segundo Zelenki, as regiões mais impactadas são Odessa, Vinnitsia, Sumi e Kiev. "Os danos sistemáticos ao nosso sistema de energia causados pelos ataques dos terroristas russos são tão consideráveis que todos os nossos funcionários e empresas devem estar atentos e redistribuir o consumo ao longo do dia."
Também nesta segunda, o conselheiro presidencial Mikhailo Podoliak disse que a Rússia estava bombardeando Kherson do outro lado do rio Dnipro, área abandonada pelos russos. "Não há lógica militar: eles só querem se vingar dos moradores locais", escreveu.
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