Religioso defensor de direitos femininos morre em ataque do EI no Afeganistão
Explosão ocorreu após homem ativar bomba escondida em prótese de perna na capital Cabul
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Sheikh Rahimullah Haqqani, um conhecido religioso do Afeganistão, morreu em Cabul nesta quinta-feira (11) quando uma bomba escondida na prótese de perna de um terrorista foi detonada.
Em mensagem em seu canal no Telegram, o Estado Islâmico Khorasan reivindicou a autoria do ataque ao seminário. O grupo é a filial afegã e paquistanesa da organização terrorista que se opõe ao Talibã, colegiado fundamentalista que retomou o poder no país da Ásia Central há um ano.
A morte do religioso foi confirmada por Abdul Rahman, chefe de inteligência do distrito da capital afegã onde ocorreu a explosão, e por outras quatro autoridades talibãs à agência de notícias Reuters. Bilal Karimi, porta-voz do regime fundamentalista, disse que Haqqani foi "martirizado em um ataque covarde de inimigos".
Na contramão de muitos talibãs, Rahimullah Haqqani defendia o direito de meninas e mulheres à educação, segundo afirmou o próprio líder em entrevista recente à rede britânica BBC. Ele chegou a emitir uma fatwa (decreto religioso) em apoio à educação feminina.
"Não há justificativa na sharia [a lei islâmica] para dizer que a educação feminina não é permitida", afirmou ele. "Todos os livros religiosos declaram que a educação feminina é obrigatória, porque, por exemplo, se uma mulher fica doente e precisa de cuidados médicos, é muito melhor que seja atendida por outra mulher."
Haqqani já foi alvo e sobreviveu a outros ataques terroristas, incluindo uma explosão na cidade de Peshawar, no norte do vizinho Paquistão, há dois anos. Reivindicado pelo EI, o ataque matou sete pessoas.
O Talibã afirma ter restaurado a segurança desde que assumiu o poder após a retirada das tropas ocidentais do Afeganistão. Ataques regulares a mesquitas e áreas povoadas, no entanto, ocorrem com frequência e desafiam o discurso propagado.
Na última sexta (5), por exemplo, o EI reivindicou um ataque a uma área xiita de Cabul. A polícia afirmou que oito pessoas morreram e outras 18 ficaram feridas na explosão, enquanto o grupo terrorista afirmou, em comunicado, que 20 pessoas teriam sido mortas.
Logo nos primeiros dias do retorno talibã, quando milhares de pessoas tentavam fugir do país e lotavam aeroportos, em cenas que rodaram o mundo, um ataque do EI Khorasan no Aeroporto Internacional de Cabul deixou mais de 70 mortos, entre afegãos e americanos.
O país também enfrenta uma grave crise econômica e de insegurança alimentar. Agravou a situação o terremoto de magnitude 6,1 que atingiu o país no final de junho, deixando mais de mil mortos.
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