População idosa de Vermont espelha bomba-relógio da previdência americana
Aumento do desemprego devido a efeitos da pandemia pioram situação das aposentadorias no país
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Cinquenta dias antes da eleição americana, a Folha começou a publicar a série de reportagens “50 estados, 50 problemas”, que se debruça sobre questões estruturais dos EUA e presentes na campanha eleitoral que decidirá se Donald Trump continua na Casa Branca ou se entrega a Presidência a Joe Biden.
Até 3 de novembro, dia da votação, os 50 estados do país serão o ponto de partida para analisar com que problemas o próximo —ou o mesmo— líder americano terá de lidar.
Antes da pandemia da Covid-19, as perspectivas da previdência social americana já não eram boas: estimativas oficiais apontavam que o custo do programa excederia o total de recursos disponíveis em 2034. Com as contas no vermelho, o Estado teria que passar a pagar apenas 75% dos benefícios que deve.
Nos estados em que pessoas com mais de 65 anos são parte significativa da população, esse quadro é mais grave. É o caso de Vermont, onde 21% dos habitantes são idosos, um dos mais altos índices do país. Em 2030, esse grupo será 26% da população do estado, enquanto a proporção nacional será de 19%.
Além do crescimento da população idosa dos EUA —nos últimos dez anos, aumentou 34%—, efeitos colaterais da pandemia pressionam a previdência social. No país, como no Brasil, o programa é financiado por um imposto que incide sobre a folha de pagamento e é recolhido por empregado e empregador.
Com desemprego recorde, as contribuições diminuem. Novas projeções apontam que faltariam recursos já a partir de 2029, dependendo da velocidade de recuperação da economia.
"Sabemos há décadas que temos esse problema e precisamos fazer algo. Podemos trazer mais receitas ou reduzir benefícios, mas esta é uma alternativa que nenhum americano quer", diz Alice Munnell, professora de gestão e diretora do Centro de Pesquisa sobre Aposentadoria da Faculdade de Boston.
Além do sistema público, os americanos podem contratar um plano de aposentadoria (similar a uma previdência privada) ligado à empresa para a qual trabalham —o governo oferece uma série de incentivos fiscais para o dinheiro aplicado dessa forma.
Sob a legislação atual, porém, as companhias são livres para decidir se oferecem ou não o benefício a seus funcionários, o que deixa uma grande parte da população sem cobertura, afirma Munnell.
Na disputa pela Casa Branca em 2016, Donald Trump prometeu não cortar os benefícios. Argumentou que combateria fraudes no sistema e que o crescimento da economia naturalmente aumentaria os recursos destinados à previdência —o que aconteceu em parte, até a pandemia atingir os EUA.
O tema tem passado ao largo da campanha deste ano do republicano.
Joe Biden propõe três medidas para a previdência social: aumentar o valor mínimo do benefício para quem ganhou salários baixos a maior parte da vida; adotar um novo indexador, preservando o poder de compra dos aposentados; e permitir que viúvas ou viúvos recebam parte do que o cônjuge recebia.
Esta última afeta principalmente as mulheres, que têm expectativa de vida mais alta que os homens. O Escritório do Censo dos EUA estima que, em 2030, elas viverão 87,3 anos, e eles, 83,9.
Para bancar o aumento dos gastos, aqueles com maior renda pagariam mais impostos —uma questão sempre polêmica entre americanos. Munnell considera que as propostas de Biden são um bom ponto de partida, mas não atacam o principal problema: a falta de acesso a planos de aposentadoria a todos.
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