Biden visa aumento salarial a professores e mira demanda de grevistas em Oklahoma
Democrata busca resgatar elo após docentes de diferentes estados votarem em Trump em 2016
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Cinquenta dias antes da eleição americana, a Folha começou a publicar a série de reportagens “50 estados, 50 problemas”, que se debruça sobre questões estruturais dos EUA e presentes na campanha eleitoral que decidirá se Donald Trump continua na Casa Branca ou se entrega a Presidência a Joe Biden.
Até 3 de novembro, dia da votação, os 50 estados do país serão o ponto de partida para analisar com que problemas o próximo —ou o mesmo— líder americano terá de lidar.
O primeiro ponto prometido pelo candidato democrata Joe Biden em seu programa para educação é “apoiar nossos educadores, dando a eles o pagamento e a dignidade que merecem”.
Pode parecer clichê prometer bons salários para professores, mas é uma posição significativa, considerando especialmente os dois presidentes americanos mais recentes.
O democrata Barack Obama, de quem Biden foi vice, enfocou fortes medidas de avaliação na educação, de cumprimento de metas a competição entre estados, que foram recompensados com dinheiro federal.
As medidas foram criticadas por setores mais à esquerda do Partido Democrata. O programa, chamado “Race to the Top” (corrida ao topo), distribuiu US$ 4,3 bilhões (R$ 24,4 bilhões) aos estados, uma das maiores iniciativas de educação da história americana —mas sem enfoque em salários.
Já o republicano Donald Trump, na tímida atividade na área educacional, procurou incentivar o crescimento do setor privado, especialmente via política de "vouchers", em que a família recebe uma espécie de cheque e escolhe que escola o filho vai cursar, se privada ou pública.
Virtualmente, nada relacionado a melhoria salarial para professores.
A declaração de Biden busca reforçar a conexão entre o Partido Democrata e os professores, importante categoria entre os eleitores no país, tanto em volume —ao menos 3 milhões de profissionais— quanto na possibilidade de doações de recursos, que indivíduos e sindicatos podem fazer.
O enfraquecimento do elo com o setor educacional foi explicitado em 2018 por Randi Weingarten, então presidente da Associação Americana de Educadores, principal instituição sindical docente.
Ao comentar uma onda de greves da categoria no Arizona, no Kentucky e em Oklahoma, conhecido por baixos salários a docentes e que vinha cortando recursos a políticas públicas desde a crise financeira de 2008, lembrou que muitos professores desses estados votaram em Trump há quatro anos.
Dadas as posições de Biden dois anos depois, a agenda parece ter sido aceita pelo agora candidato. Mas esse é um tema de grande divergência nos EUA. Se Obama não teve apoio substancial para seu projeto de educação no setor mais à esquerda de seu partido, a proposta foi apoiada por republicanos moderados.
Biden, por sua vez, já tem recebido críticas pelo alinhamento a professores. Em editorial, a Bloomberg afirmou que o ex-vice não deveria colocar docentes à frente dos alunos, por entender que muitos deles estão muito preocupados com suas carreiras —e pouco com seus estudantes.
Oklahoma é interessante para acompanhar o efeito do aumento salarial na qualidade de educação. Após a greve de 2018, os professores do estado tiveram o maior crescimento salarial no país na categoria. A remuneração inicial cresceu mais de 15% em um ano, ante um aumento médio nacional de 2%.
Assim, a média salarial do estado passou a ficar no bloco intermediário do país, com média inicial anual de US$ 37 mil (R$ 210 mil). Nos EUA como um todo, a média é de US$ 40 mil (R$ 227 mil).
Já para o pleito de novembro, mesmo com o alinhamento de Biden com professores, dificilmente a vitória não será de Trump em Oklahoma, considerado um estado vermelho, em que só republicanos vencem.
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